2011-03-14 12:41:49

GOVERNO DA MALÁSIA PROÍBE BIBLIAS


Kuala Lumpur, 14 mar (RV) A maior organização Cristã da Malásia – país predominantemente muçulmano – diz que está "farta" das recusas do governo em aprovar a distribuição de ao menos 30 mil bíblias. A organização argumenta que essa atitude é uma afronta à liberdade religiosa, num raro protesto da Federação Cristã da Malásia. Esses eventos também seriam um sinal da crescente intolerância para com as minorias religiosas proveniente de uma medida antiga do governo de proibir que o termo "Alá" seja escrito como tradução de "Deus" em textos religiosos na língua malaia.

O presidente da Federação, Bispo Moon Hing, disse que as autoridades bloquearam a saída de 30 mil exemplares da bíblia em malaio que estão no porto da ilha de Bornéu. Esta é a última tentativa dos cristãos em importar bíblias, particularmente da Indonésia, depois de algumas tentativas falhas. Segundo o Bispo Moon Hing, para as bíblias escritas em língua inglesa não existem restrições.

A Federação emitiu um comunicado no qual diz que os cristãos estão muito desiludidos, cansados e irritados com tantos embargos às bíblias. O texto segue dizendo que as autoridades estão conduzindo um programa, repetitivo e sistemático, contra os cristãos na Malásia ao não permitir a eles o acesso à bíblia na língua malaia.

O Ministro do Interior da Malásia não respondeu ao comunicado. Em situações similares, no passado, o governo admitiu haver a proibição, mas argumentou que fora uma falha do importador que não cumprira certas formalidades. Na realidade, o problema está na posição do governo que diz que o uso do termo "Alá" em textos que não são muçulmanos pode gerar confusão e até levar a uma conversão ao Cristianismo. Na Malásia, quase dois terços - num universo de 28 milhões de pessoas - são muçulmanos, enquanto 25% são chineses e 8% indianos. As minorias religiosas são compostas por cristãos, budistas e hindus.

Em dezembro de 2009, o tribunal determinou que os cristãos têm o direito constitucional de usar o termo "Alá". O governo apelou do veredito, mas até hoje nenhuma audiência foi marcada. Outra decisão a favor dos cristãos, em janeiro de 2010, causou tensões e raiva de muçulmanos extremistas. À época onze igrejas foram atacadas. A Igreja republicou o dicionário Latim-Malaio, cuja primeira edição fora publicada há 400 anos, para provar o uso ancestral da palavra "Alá" no contexto cristão na Malásia. (RB)







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