EGITO: CRISTÃOS E MUÇULMANOS JUNTOS NA PRAÇA PELA SOLIDARIEDADE INTER-RELIGIOSA
Cairo, 12 mar (RV) – Centenas de egípcios – cristãos cooptas e muçulmanos –
levando cruzes e cópias do Alcorão nas mãos, reuniram-se, nesta sexta-feira, na Praça
Tahrir, no Cairo, em sinal de solidariedade inter-religiosa. A manifestação pacífica
foi um modo de protestar contra a violência entre pessoas de diferentes crenças, tendo
como base os confrontos da última terça-feira, aos pés da Colina de Moqattam, que
provocaram a morte de 13 pessoas, na maioria cristãos.
O incidente se deu
depois de um incêndio a uma igreja católica, provocado por um grupo de muçulmanos
ultra-fundamentalistas. Sobre o assunto, a Rádio Vaticano conversou com o representante
da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Massimo Introvigne.
Para ele, é falsa a idéia de que o fim da ditadura por si só traga um clima no qual
todos se sintam bons, mais tolerantes e todas as minorias sejam respeitadas. Citando
o exemplo do Iraque após a queda de Saddam Hussein, Massimo Introvinge lembrou que,
empiricamente, já se viu que esse processo não é automático.
“Certamente podemos
dizer que a democracia traz consigo um maior respeito e uma maior tolerância para
com as minorias, mas a longo, longíssimo prazo”, explicou. “No breve período, durante
a transição, que pode durar muitos anos, no máximo tem-se a ação da polícia, que consegue
controlar parte do território”.
Para tentar buscar a paz, o representante
da OSCE recomenda que, quando se fale de violência contra os cristãos, se especifique
que não são cometidas “pelos muçulmanos”, mas “pelos muçulmanos ultra-fundamentalistas”.
Manter estes sob controle é um problema cultural, disse ele. “Portanto, as iniciativas
de diálogo, de coexistência em torno dos valores da razão e dos direitos naturais
– com freqüência recordados por Bento XVI -, são de grande importância. Ultimamente,
porém, tem sido também uma questão de policiamento”, ressaltou. (ED)