2011-03-11 09:22:36

«Jesus de Nazaré»: Obra central do teólogo Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, cruza história e fé, tentando apresentar um Cristo «real» e convincente para pessoas de todos os tempos


(11/3/2011) O novo livro de Joseph Ratzinger, Bento XVI, sobre «Jesus de Nazaré» é uma obra central do trabalho do teólogo e intelectual alemão, que se empenha numa luta pela credibilidade religiosa e histórica do cristianismo.
O volume, publicado neste dia 10 de Março , é o segundo de uma trilogia prometida pelo Papa e aborda os momentos da morte e da ressurreição de Jesus, tema este que o autor considera como “ponto decisivo” da sua investigação.
“Que Jesus tenha existido só no passado ou, pelo contrário, exista também no presente depende da ressurreição”, afirma.
No capítulo da obra dedicado à «ressurreição de Jesus da morte», Bento XVI refere que a mesma “ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história”.
“Se se pudesse de modo verdadeiramente científico demonstrar que é impossível a historicidade das palavras e dos acontecimentos essenciais, a fé perderia o seu fundamento”, observa.
Para Joseph Ratzinger, no entanto, a história não basta: “Se a certeza da fé se baseasse exclusivamente numa certificação histórico-científica continuaria a ser sempre passível de revisão”.
«Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição» desenrola-se em nove capítulos, mostrando, segundo o Papa, as palavras e acontecimentos decisivos da vida de Cristo.
Bento XVI apresenta um Deus que sofre e um homem em luta contra o poder da sua época, que o condenaria à morte – uma decisão que o Papa coloca sobre os ombros da “aristocracia do templo” de Jerusalém e não sobre o povo judaico, no seu todo.
O Cristo de Joseph Ratzinger não é um revolucionário político ou um “simples reformador que defende os preceitos judaicos”, menos ainda “uma personalidade religiosa falhada”, como o próprio definiria Jesus de Nazaré, caso este não tivesse ressuscitado.
À imagem do que fizera em 2007, no primeiro volume desta obra de reflexão bíblica e teológica, Bento XVI centra-se na figura de Cristo que é apresentada pelos Evangelhos canónicos (Marcos, Mateus, Lucas e João), considerando estes livros como as principais fontes credíveis para chegar ao Jesus “real”.
“Entrar nas numerosas e justíssimas questões específicas relativas a cada detalhe de palavra e de história não é função deste livro, que procura conhecer a figura de Jesus deixando aos especialistas os problemas particulares, mas, certamente não podemos dispensar-nos de enfrentar a questão da efectiva historicidade dos acontecimentos essenciais”, escreve.
Neste sentido, Joseph Ratzinger sustenta que a “fé bíblica não narra histórias como símbolos de verdades meta-históricas, mas funda-se na história que aconteceu sobre a superfície desta Terra”.
Esta verificabilidade histórica alarga-se ao início da “própria Igreja”, que o Papa coloca nos gestos da instituição da Eucaristia e do lava-pés, realizados por Jesus na véspera da sua morte, segundo os Evangelhos.
Bento XVI afirma que a Igreja primitiva “encontrou (não inventou!)” [sic] elementos fundamentais para a sua unidade: a "sucessão apostólica", o “Cânone da Escritura” e o chamado “Símbolo da Fé” ou Credo.
O novo livro do Papa é publicado em sete línguas, incluindo o português, com uma primeira tiragem de 1,2 milhões de exemplares, 20 mil dos quais em Portugal, anunciou o director da Editora do Vaticano, padre Giuseppe Costa, em entrevista ao jornal «L’Osservatore Romano».
(Por Octávio Carmo, da Agência Ecclesia)








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