Donativos dos católicos portugueses, nesta Quaresma, canalizados para fundos de apoio
social. Verbas vão financiar ainda igrejas africanas lusófonas e construção de edifícios
religiosos
(11/3/2011) Mais de uma dezena de dioceses católicas portuguesas vão canalizar para
fundos e instituições nacionais de apoio social as verbas da renúncia quaresmal, prática
em que os fiéis abdicam de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano. As
dioceses do Algarve, Angra, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre Castelo-Branco,
Porto, Santarém e Vila Real destinam todas as quantias obtidas para o auxílio aos
mais carenciados em Portugal, enquanto que Beja, Braga, Setúbal e Viana do Castelo
repartem aquela finalidade com outros objectivos. Os montantes vão ser confiados
ao Fundo Social Solidário, constituído em 2010 pela Conferência Episcopal Portuguesa,
e ainda a estruturas análogas geridas pelas dioceses, assim como à Caritas, entidades
que administram as verbas de acordo com os pedidos de auxílio de vária ordem que vierem
a receber. Nalguns casos, o bispo diocesano, a quem cabe decidir o destino das
renúncias quaresmais, indicou finalidades específicas para as mesmas, como sucede
em Coimbra, onde parte das verbas vai ser dirigida a pessoas que não conseguem pagar
receitas médicas e a agregados familiares com desempregados que perderam os abonos
de família. Na diocese de Santarém, uma parcela será encaminhada para as vítimas
do tornado que afectou os concelhos de Tomar e Ferreira do Zêzere em Dezembro de 2010,
e em Setúbal parte das verbas vai ajudar jovens carenciados a participar nas Jornadas
Mundiais da Juventude, agendadas para Agosto, em Madrid. A solidariedade com países
africanos lusófonos também está presente em algumas das renúncias quaresmais das 20
dioceses territoriais portuguesas: Aveiro e Beja financiam São Tomé e Príncipe e Braga
apoia Luena (Angola). Por seu lado, Setúbal vai ceder uma “pequena parte” das verbas
ao serviço social de uma congregação religiosa feminina que actua em Maputo, capital
de Moçambique, e Viseu oferece a totalidade da quantia a padres e religiosas naturais
da diocese que se encontram em missão no estrangeiro. Em Lisboa, uma parcela da
renúncia quaresmal vai para o Mindelo, depois de o padre Ildo Fortes, pertencente
ao clero do patriarcado, ter sido recentemente nomeado bispo daquela diocese cabo-verdiana,
enquanto que a restante verba se destina a “necessidades particularmente gritantes”
da Igreja lisboeta. Entre os objectivos das renúncias quaresmais encontra-se o
financiamento de edifícios, como sucede em Aveiro, que dedica uma percentagem à construção
da casa sacerdotal que vai acolher os padres mais idosos e doentes. As obras da
catedral vão receber a totalidade dos montantes recolhidos na diocese de Bragança-Miranda,
e em Viana do Castelo parte da quantia será destinada a comunidades que estejam envolvidas
na construção de igrejas. A diocese de Lamego vai revelar proximamente o destino
da renúncia quaresmal, e no Funchal a decisão será anunciada a partir de 23 de Março.