2011-03-10 12:55:26

Publicada a segunda parte de «Jesus de Nazaré», da entrada em Jerusalém á Ressurreição.


(10/3/2011) A segunda parte de «Jesus de Nazaré» foi apresentada esta quinta feira no Vaticano, em conferência de imprensa.
O livro, em nove capítulos, é uma reflexão bíblica e teológica que percorre os últimos dias de Jesus, um ciclo que a Igreja Católica celebra na Semana Santa e Páscoa. O livro é uma extensa reflexão bíblica e teológica de Bento XVI sobre os textos dos Evangelhos, acompanhada por várias citações de estudiosos e especialistas nestes temas.
O primeiro capítulo refere-se à entrada de Jesus em Jerusalém, com o episódio da purificação do templo, enquanto que o segundo aborda, em três partes, os discursos “escatológicos” (relacionados com as realidades posteriores à vida terrestre) de Jesus (destruição do templo, o tempo dos pagãos, profecia e apocalipse).
O terceiro capítulo evoca o lava-pés, estando dividido em seis partes: A hora de Jesus; «Vós estais puros»; Sacramento e exemplo – dom e dever (o mandamento novo); o mistério do traidor; diálogos com Pedro, Lava-pés e confissão dos pecados.
O quarto capítulo, sobre a oração sacerdotal de Jesus, fala da “festa judaica da Expiação” e elenca “quatro temas importantes da oração”: «Esta é a vida eterna...»; «Consagra-os na Verdade.»; «Dei-lhes a conhecer quem Tu és…»; «Que todos sejam um só…».
A quinta parte da obra é dedicada à Última Ceia, analisada em quatro temas: a data da Última Ceia, a instituição da Eucaristia, a teologia das palavras de instituição e “da Ceia à Eucaristia da manhã de domingo”.
"Getsemaní", título do sexto capítulo, aborda outras quatro questões: a caminho do monte das Oliveiraa; a oração do Senhor; a vontade de Jesus e a vontade do Pai; a oração de Jesus no monte das Oliveiras segundo a Carta aos Hebreus.
No sétimo capítulo, Bento XVI analisa «o processo de Jesus: discussão preliminar no Sinédrio, Jesus diante do Sinédrio e Jesus diante de Pilatos.
A oitava parte da obra, sobre a crucifixão e a deposição de Jesus no sepulcro, apresenta uma reflexão preliminar intitulada “palavra e acontecimento na narrativa da Paixão”, para seguir com a descrição dos momentos de Jesus na Cruz e uma análise da morte de Jesus como “reconciliação (expiação) e salvação”.
O nono e último capítulo fala da ressurreição de Jesus da morte, em três partes diferentes: A ressurreição de Jesus: de que se trata?; Os dois tipos diversos de testemunho da ressurreição; a natureza da ressurreição e o seu significado histórico.
Bento XVI afirma no seu novo livro que o sepulcro onde Jesus foi colocado após a crucifixão tem de estar vazio, até hoje, vendo nisso “um pressuposto necessário para a fé na ressurreição”.
“Se o sepulcro vazio, como tal, não pode certamente provar a ressurreição, permanece porém um pressuposto necessário para a fé na ressurreição, uma vez que esta se refere precisamente ao corpo”.
“Essencial é o dado de que, com a ressurreição de Jesus, não foi revitalizado um indivíduo qualquer morto num determinado momento, mas se verificou um salto ontológico que toca o ser enquanto tal”, aponta ainda.
Esta questão, sublinha, é "o ponto decisivo" da sua pesquisa sobre a figura de Jesus.
O Papa lembra que “era fundamental para a Igreja antiga que o corpo de Jesus não tivesse sofrido a decomposição” e destaca a própria deposição no sepulcro, a respeito da qual aborda, brevemente, o tema do Santo Sudário.
Três Evangelhos (os chamados sinópticos, dada a sua semelhança) falam num lençol com o qual se envolveu Jesus, mas o texto de São João usa o plural – “«panos» de linho” - segundo o uso judaico.
“A questão sobre a concordância com o sudário de Turim não deve ocupar-nos aqui; em todo o caso, o aspecto de tal relíquia é, em princípio, conciliável com ambas as narrativas”, escreve o Papa.
O Vaticano nunca se pronunciou sobre a autenticidade deste pano de linho de 4,36 por 1,10 metros, venerado por milhões de pessoas em todo o mundo.
No capítulo da obra dedicado à «ressurreição de Jesus da morte», Bento XVI refere que a mesma “ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história”.
“Por isso pode ser atestada por testemunhas como um acontecimento de uma qualidade completamente nova”, refere.
O Papa apresenta ainda como sinal de um “poder impressionante” a renúncia ao sábado e a sua substituição pelo “primeiro dia da semana” por parte das comunidades cristãs primitivas, nascidas no seio do judaísmo.
“Para mim, a celebração do Dia do Senhor, que desde o início caracteriza a comunidade cristã, é uma das provas mais fortes de que em tal dia sucedeu algo de extraordinário: a descoberta do sepulcro vazio e o encontro com o Senhor ressuscitado”, refere.
Bento XVI apresenta Jesus, ressuscitado, como mais do que “alguém que voltou à vida biológica normal” e teve um dia de morrer novamente, distinguindo-o de um “fantasma”, ou seja, “alguém que, na realidade, pertença ao mundo dos mortos”.
Sobre os relatos de “encontros com o Ressuscitado”, o Papa diz que “são uma realidade distinta das experiências místicas”, acrescentando que “a ressurreição é um acontecimento dentro da história, que, todavia, rompe o âmbito da história e a ultrapassa”.
O epílogo do livro fala de “Cristo junto do Pai” e da chamada “segunda vinda” de Jesus, sublinhando que a oração dos cristãos, neste contexto, “não visa imediatamente o fim do mundo”.
“Na fé, sabemos que Jesus, abençoando, tem as suas mãos estendidas sobre nós. Tal é a razão permanente da alegria cristã”, diz o Papa, nas últimas palavras do seu novo livro.
Toda a obra começou a ser elaborada nas férias de 2003, antes da eleição de Joseph Ratzinger como Papa, pelo que este manteve a opção de assinar também com o seu nome próprio e não apenas como Bento XVI.









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