Trípoli, 08 mar (RV) - “Precisamos de ajuda financeira para atender às necessidades
de milhares de refugiados africanos que continuam em Trípoli”: este o apelo, lançado
ontem através da agência Sir, pelo Padre Alan Arcebuche, diretor da Caritas Líbia,
que em Trípoli administra um centro para os migrantes, e assiste em particular os
refugiados da Eritréia, Etiópia, Somália e de outros países da África subsaariana,
que não podem sair da Líbia porque perseguidos na sua terra natal.
Nos últimos
dias, o Vigário Apostólico de Trípoli, Dom Giovanni Martinelli, pediu aos países europeus
para retirá-los do país, mas até agora não chegaram ajudas concretas. A Caritas deve
agora suprir as necessidades de “400 eritreus, 200 etíopes, e 200 somalis: eles sofrem
muito, não podem sair de casa, não têm mais comida. Existem também 600 africanos subsaarianos,
que porém podem tentar chegar à fronteira com a Tunísia. Além disso, outros 400 africanos
subsaarianos, nigerianos e ganenses se encontram em dificuldade pelos mesmos motivos”.
A
falta de recursos para a assistência é devido ao aumento exorbitante do preço dos
alimentos: “A comida existe – disse Padre Arcebuche - mas os preços aumentaram cerca
de 200-300%. Também o arroz, que custava 8 / 10 dinares agora custa 25/30. Encontrar
alimentos e água é difícil também para os líbios”.
Padre Archebuche confirma
ter ouvido nas últimas horas disparos “em toda a cidade e gritos de alegria, como
se estivessem comemorando uma vitória. Trípoli está sob o controle do governo”.
Segundo
informações recebidas, “há cerca de trinta feridos nos hospitais da área de al-Zawiya,
45 km de Tripoli, mas não sabemos quantas pessoas morreram”. “Até agora, a comunidade
cristã não foi envolvida no conflito – destaca o sacerdote -, mas foi atingida pelos
efeitos indiretos da guerra, como o aumento dos preços ou a incapacidade de deixar
a cidade”.
Entre as religiosas presentes no país, informa, “uma dezena de irmãs
pertencentes a duas comunidades deixaram a área em que atuavam após dois dias de violentos
combates. A decisão foi tomada por seus superiores. Em Trípoli, restam quatro comunidades
religiosas, com cerca 20 irmãs. Cerca de 3.000 filipinos, principalmente as mulheres
que trabalham como enfermeiros nos hospitais, ainda estão na Líbia. Decidiram continuar
para ajudar os feridos, e não renunciar à sua missão”.
Padre Arcebuche não
sabe dizer se haverá ou não um pós-Kadafi, “porque as forças do governo são muito
fortes, seja em Trípoli, seja em outros lugares”. Para o futuro dos líbios faz votos
de uma “possível reconciliação e paz. Mas ainda há uma potencial instabilidade política
em toda a Líbia”. (SP)