A dor do Papa pelo assassínio do ministro paquistanês Shahbaz Bhatti
(3/3/2011) Bento XVI manifestou hoje a sua “profunda dor” pelo assassinato do ministro
para as minorias, do Paquistão, Shahbaz Bhatti, morto a tiro nesta quarta-feira, em
Islamabad. O Papa reza pelo sereno repouso da sua alma nobre e apresenta os seus
pêsames á família do defunto e a todos aqueles que choram pela morte deste servidor
fiel e corajoso do povo do Paquistão A mensagem do Papa foi enviada, através do
Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, ao arcebispo Lawrence
Saldanha, presidente da Conferência Episcopal do Paquistão. Shabbaz Bhatti, de
42 anos, foi o primeiro católico a ocupar um cargo político desta relevância, no Paquistão,
uma nação maioritariamente muçulmana. Grande defensor de um compromisso em favor
da convivência pacífica, entre as comunidades religiosas do seu país, Bhatti ficou
célebre por se opor à “lei da blasfémia”, do Código Penal paquistânes, que prevê a
pena de morte para actos que enxovalhem o profeta Maomé. O ministro foi morto à
porta de casa, por quatro desconhecidos, apenas a alguns quilómetros de distância
do local onde, há dois meses atrás, tinha sido assassinado o governador do Estado
paquistanês do Punjab, Salmaan Tasser, outro forte opositor àquela lei. Tasser
tinha ainda pedido perdão para Asia Bibi, cristã de 45 anos condenada à morte, de
acordo com a referida legislação, por alegadamente ter insultado o nome do profeta
Maomé. Face a estes incidentes, a Igreja Católica no Paquistão decretou três dias
de luto e decidiu fazer greve em todas as suas instituições, incluindo hospitais e
escolas. O corpo de Shabaz Bhatti vai estar neste dia 4 na igreja de Nossa Senhora
de Fátima, em Islamabad, onde o bispo Anthony Rufin vai presidir à missa de sufrágio. O
funeral vai ter lugar na diocese de Faisalabad, 250 quilómetros a sul da capital paquistanesa,
esperando-se uma “presença massiva de autoridades civis, líderes religiosos cristãos,
hindus e muçulmanos e de activistas dos direitos humanos”. Segundo o Relatório
2010 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação AIS, a lei da blasfémia é o
“pior instrumento de repressão religiosa” no Paquistão.