Shimla, 28 fev (RV) - Para os cristãos na Índia é uma boa notícia e o início
de um processo judicial: o Supremo Tribunal do estado de Himachal Pradesh, no norte
da Índia, declarou admissível uma ação que contesta a validade constitucional e solicita
a revogação da “Freeedom of Religion Act” del 2006, vulgarmente conhecida como “lei
anti-conversão”.
Assumindo a legitimidade do recurso, o juiz do Supremo Tribunal
também estabeleceu a primeira audiência do processo para 14 de junho próximo. Conforme
referido à Agência Fides, o recurso foi apresentado por duas organizações da sociedade
civil: a Evangelical Fellowship of India (que reúne mais de 200 comunidades cristãs
evangélicas) e a Act Now for Harmony and Democracy.
Segundo o recurso, a lei
“viola o direito à privacidade sancionado no artigo 21 da Constituição indiana, viola
o direito à liberdade de religião, sancionado no art. 25, e viola o direito à liberdade
de opinião e de expressão, sancionado no art. 19 da Carta”. O procedimento foi ativado
com a ajuda de um grupo de advogados, cristãos e não-cristãos, determinados a desafiar
a medida, que obriga uma pessoa que quer se converter do hinduísmo a outra religião
a uma prévia notificação às autoridades civis ou judiciárias (quando não é assim para
quem que se converter ao hinduísmo), e considera “inválida” a conversão obtida “por
meios fraudulentos”.
Segundo fontes da Fides na Igreja Católica indiana, “este
tipo de leis são flagrantes violações da liberdade de consciência e de religião. Na
verdade, dão ao Estado o poder de decidir, e de alguma forma de coagir, a consciência
individual, interferindo na vida pessoal do homem, sobre a relação entre a alma e
Deus”. “No passado, as Igrejas, as organizações cristãs e os grupos de direitos humanos
sempre se mostraram contrários a essas leis atualmente em vigor em 5 estados da federação
indiana: Madhya Pradesh, Chhattisgarh, Orissa, Gujarat e Himachal Pradesh.
Tais
medidas são normalmente promovidas por partidos nacionalistas hindus, como o Baratiya
Janata Party (mas no Himachal Pradesh, foi o Partido do Congresso a aprová-la) com
a ideia de deter o presumível fenômeno das “conversões forçadas, falsas ou obtidas
com dinheiro”, que seriam praticadas – afirmam grupos extremistas hindus – sobretudo
por missionários cristãos que fazem proselitismo entre grupos indígenas de dalits
e sem-casta.
Em 2009, a Conferência Episcopal da Índia apresentou um recurso
judiciário semelhante contra a lei anti-conversões em Gujarat, e o procedimento legal
é atualmente em andamento. (SP)