2011-02-28 12:53:05

APRESENTADO NA COLÔMBIA NOVO FILME SOBRE DOM ROMERO


Cartagena das Índias, 28 fev (RV) – O Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Índias (FICCI) apresentou ontem a estreia mundial de “O céu aberto”, documentário do cineasta mexicano Everardo González sobre uma parte da vida do arcebispo salvadorenho Oscar Arnulfo Romero. Dom Romero foi assassinado em 24 de março de 1980 em um crime amplamente anunciado, aspecto que “O céu aberto” trata como um destino inevitável, visto o que acontecia no país.

Primeiro foi a palavra, depois a bala assassina, e na seqüência, o silêncio. Assim começa este vigoroso documentário sobre Dom Óscar Arnulfo Romero, ‘a voz dos sem-voz’ em El Salvador, o pastor que em meio a uma das guerras civis mais cruentas do continente se atreveu a dizer que a missão da Igreja era identificar-se com os pobres.

A guerra civil de El Salvador deixou em doze anos 75 mil mortos e desaparecidos e terminou em 1992 com a assinatura dos acordos de paz. Segundo a Comissão da Verdade, que investigou os crimes ocorridos no conflito (1980-1992), Dom Romero foi assassinado por ordem de Roberto d'Aubuisson, fundador da Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), partido que governou o país entre 1989 e junho de 2009.

Em “O céu aberto”, o cineasta dá voz a muitas pessoas que testemunham a opressão a que foram submetidas por uma classe política e social que as explorou durante anos; e conta como através das homilias de alguns sacerdotes, o povo tomou consciência de sua miséria, se organizou e constituiu um movimento político que desembocou na revolução.

O documentário ressalta o valor da mulher, a primeira a sofrer “um processo de transformação” marcado pelo direito de sair de casa para ser parte ativa do que mais tarde seria um movimento político – explicou González em uma entrevista à agência EFE.

O diretor contou que muitas destas mulheres combateram com suas ideias e convicções numa mão e seus filhos na outra, lutando quase sempre sozinhas, com pouco apoio de seus maridos.

“A ideia de terminar o filme com uma cena em que vemos ex-combatentes da guerrilha convivendo com ex-militares do exército do qual eram inimigos é a tese do filme” – explicou González.

O diretor adiantou que está trabalhando no roteiro de um novo filme que tratará do tema da violência no México, as guerras pelo controle do território e o tráfico de narcóticos, mas admitiu que teme atentados e ameaças contra ele e sua família. “São histórias que morremos para contar” – enfatizou.

González lamentou a pouca difusão de sua obra entre a mídia presente no Festival, que tem “O céu aberto” como concorrente na seção ‘documentários’: “Trago a Cartagena uma película em estreia mundial e o Instituto de Cinematografia (do México), que está aqui como convidado, não fez sequer uma menção, quando é co-produtor da película” – criticou González.

“É o contrário do Brasil” - disse, admitindo a admiração pelos cineastas brasileiros que “sabem construir histórias comerciais, exitosas e com uma carga social forte”.

A 51ª edição do Festival FICCI, aberta em 24 de fevereiro, vai até 3 de março e reune estrelas como Willem Dafoe, Geraldine Chaplin, Luis Tosar e Nicolás Pereda. O site o evento é:
www. ficcifestival.com
(CM)








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