A Igreja tem de aprender a linguagem dos novos media para apresentar a mensagem
do Evangelho na cultura digital
(28/2/2011) Teve início nesta segunda-feira, em Roma, a sessão plenária do Conselho
Pontifício para as Comunicações Sociais. Durante os trabalhos serão discutidas, em
especial, os contributos oferecidas pelo Papa na sua Mensagem para o 45º Dia Mundial
dedicado aos meios de comunicação social, intitulado “Verdade, anúncio e autenticidade
de vida na era digital”. Ao fim da manhã Bento XVI recebeu em audiência os participantes
nesta assembleia aos quais pediu o estudo das linguagens da moderna cultura digital,
para ajudar a missão evangelizadora da Igreja, passando para estas novas modalidades
expressivas os conteúdos da fé cristã. O Papa salientou que está debaixo dos olhos
de todos os perigos que se correm com as linguagens desenvolvidas pelas novas tecnologias:
a perda da interioridade, a superficialidade na vivencia das relações, o prevalecer
da opinião mais convincente em relação ao desejo de verdade. Com os novos media
desenvolve-se uma relação cada vez mais estreita e ordinária entre o homem e as maquinas,
dos computadores aos telemóveis …. “As novas linguagens que se desenvolvem na comunicação
digital determinam, entre outras coisas, uma capacidade mais intuitiva e emotiva do
que analítica, orientando para uma diferente organização lógica do pensamento e da
relação com a realidade”, declarou. Depois de precisar que estas linguagens promoveram
uma “vasta transformação cultural”, Bento XVI afirmou que a Internet oferece “oportunidades
inéditas” que ajudam a desenhar “um novo modo de aprender e de pensar”. “A tradicional
distinção nítida entre linguagem escrita e oral parece, agora, esfumar-se em favor
de uma comunicação escrita que toma a forma e a imediatez da oralidade”, precisou. Ao
Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, estrutura que na Santa Sé acompanha
as questões relacionadas com os media, compete, segundo o Papa, “ajudar quantos têm
responsabilidade na Igreja” a “perceber, interpretar e falar” a «nova linguagem» dos
media “em função pastoral”. “A cultura digital coloca novos desafios à nossa capacidade
de falar e de escutar uma linguagem simbólica que fale da transcendência”, indicou. Bento
XVI disse que a Igreja é chamada a “descobrir, também na cultura digital, símbolos
e metamorfoses significativas para as pessoas, que possam ser uma ajuda para falar
do Reino de Deus ao homem contemporâneo”. Para o Papa, o estar “em rede” faz com
que as pessoas não se limitem a trocar informações, partilhando também “as suas visões
do mundo”, numa dinâmica que pode apresentar dificuldades próprias. “Os riscos
que se correm, é certo, estão diante dos olhos de todos: a perda da interioridade,
a superficialidade na vivência das relações, a fuga da emotividade, a prevalência
das opiniões mais convincentes em vez do desejo da verdade”, elencou, Neste contexto,
Bento XVI apelou a uma reflexão “urgente” sobre as linguagens desenvolvidas a partir
das novas tecnologias, observando uma “incapacidade de viver com plenitude e de forma
autêntica o sentido das inovações”. A reunião magna do Conselho Pontifício para
as Comunicações Sociais decorre até ao próximo dia 3 de Março Entre os presentes
nesta assembleia plenária conta-se o cónego António Rego, director do Secretariado
Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, em Portugal.