2011-02-25 18:17:58

PAPA RECEBE PATRIARCA LIBANÊS SFEIR: BISPO MARONITA DESTACA MUDANÇAS NO MUNDO ÁRABE


Cidade do Vaticano, 25 fev (RV) - Bento XVI iniciou seus compromissos desta sexta-feira recebendo em audiência, no Vaticano, o Patriarca de Antioquia dos Maronitas, no Líbano, Cardeal Nasrallah Pierre Sfeir. O purpurado participara, quarta-feira passada, da cerimônia de bênção da imagem de São Marun – fundador da Igreja maronita – colocada num nicho externo da Basílica Vaticana.

Encontrava-se presente no evento também o chefe de Estado libanês, Michel Sleiman, que nesta quinta-feira manteve com o Papa um cordial colóquio, centralizado nos recentes eventos em alguns países árabes, e no qual emergiu a convicção da urgência de se resolver os conflitos ainda abertos na região.

A esse propósito, o responsável pelo Programa árabe da Rádio Vaticano, Pe. Jean Mouhanna, pediu uma reflexão do Bispo maronita do Cairo, Dom François Eid, que fez parte da delegação do Cardeal Sfeir. Eis o que disse:

Dom François Eid:- “O que estamos vendo é uma situação muito complicada da qual deverão nascer novos governos, diferentes dos antigos governos que descuidaram do bem do povo, apropriando-se de todas as riquezas de seus respectivos países. Ao invés de instaurar o estado de direito, criaram regimes de matriz familiar e isso alargou o fosso social com o povo. Face a essa situação os jovens se encontraram diante de uma decisão: a de mudar. Uma escolha difícil porque esses regimes estão armados, enquanto os jovens têm a seu lado apenas o conhecimento e a cultura. Nisso a mídia e as novas tecnologias de comunicação ajudaram muito os jovens. O milagre teve início na Tunísia: vimos e estamos vendo ruas lotadas de jovens que pedem justiça. Fazemos votos de que não se infiltrem alguns partidos religiosos para desfrutar, para seus fins, essa revolução dos jovens tranformando-a numa ideologia e numa situação negativa.”

P. Quais são agora as perspectivas?

Dom François Eid:- “Não há dúvida de que a mudança teve início e não se pode voltar atrás! Os jovens aspiram somente a um Estado que exista para todos os cidadãos, prescindindo da pertença cultural, religiosa, étnica ou tribal. Sabemos que países como a Líbia e o Iêmen são estruturados com base tribal. Os jovens, ao invés, se sentem pertencentes a uma aldeia nacional e universal, não tribal. O sonho deles é o de construir um Estado melhor, capaz de realizar as suas aspirações. Defendem que todo regime baseado na injustiça deve acabar. Buscam o pão, uma vida digna, a liberdade e o direito, porque a dignidade de um simples cidadão é igual à de quem governa. Esses regimes, ao invés, são falimentares. Os jovens entenderam também que os progressos conquistados por esses países beneficiavam somente os corruptos. O povo não obteve nada desses progressos. Agora esperam reencontrar a sua dignidade.” (RL)







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