Cidade do Vaticano, 23 fev (RV) - Nas últimas horas foram aprovados diversos
planos de evacuação para permitir que os cidadãos estrangeiros deixem a Líbia, local
de confrontos sangrentos e violências. Mas há aqueles que não querem deixar o país
para continuar a manifestar a sua proximidade à população. É o caso dos sacerdotes,
religiosos e religiosas presentes na Líbia, como recorda o Núncio Apostólico no país,
Dom Tommaso Caputo, entrevistado pela Rádio Vaticano.
R. Sobre a grave situação
dos últimos dias na Líbia, as comunidades religiosas que atuam nos dois Vicariatos
Apostólicos de Trípoli e Benghazi continuam o seu serviço junto ao povo e aos fiéis.
A maioria das 16 comunidades femininas, compostas por religiosas provenientes de várias
nações, presta o seu serviço na área de saúde e neste momento intensificou a assistência
à população.
P. A comunidade da Igreja, portanto, mantém-se próxima à população...
R.
– As religiosas exprimiram a vontade de ficar ao lado daqueles que sofrem. Da mesma
forma também os dois bispos e os 15 sacerdotes prosseguem o seu serviço e desejam
continuar a missão que lhes foi confiada. Mesmo com a difícil situação que o país
está enfrentando a atitude dos missionários presentes na Líbia visa encorajar e assegurar
toda a assistência possível à comunidade católica, que é de cerca de 100 mil fiéis,
e à toda a população.
Na Líbia, como em vários países do norte da África e
do mundo árabe, as populações que conheceram regimes que duraram décadas parecem agora
unidas em uma espécie de “primavera árabe”. Foi o que ressaltou à Rádio Vaticano o
padre jesuíta egípcio Samir Khalil Samir, professor de História da Cultura Árabe e
Islamologia na Universidade São José de Beirute, Líbano:
R. - O mundo árabe
está vivendo a sua “primavera árabe”: existe um denominador comum por toda parte.
As pessoas estão cansadas de reinos ou repúblicas que duraram décadas, que não dão
lugar à democracia, à liberdade, à igualdade, à partilha de decisões, especialmente
com uma situação econômica e social em que muitas pessoas se encontram em dificuldade.
Este é um movimento que já não se pode parar. Em particular, graças à Internet, Youtube,
Facebook, Twitter, a comunicação instantânea chega em um minuto em todo o mundo, em
todas as agências. A globalização, para mim, é esta: a globalização das ideias, dos
desejos e expectativas das pessoas que estão passando pela Internet. Todos acham normal
que ocorra conosco o que ocorreu em outros lugares. Talvez eles não saibam nada sobre
o que aconteceu no bloco da Europa do Leste durante os anos oitenta, mas agora sabem
que eles têm o direito a ter os mesmos direitos humano de todos. (SP)