2011-02-17 18:54:07

BAREIN: TENSÃO ENTRE XIITAS E SUNITAS POR SETRÁS DOS PROTESTOS


Manama, 17 fev (RV) - A discriminação da maioria xiita por parte do governo sunita está na origem das manifestações em Barein – pequeno país insular, localizado no Golfo Pérsico – segundo alguns observadores internacionais. Os xiitas têm menos oportunidades de ascensão social e não ocupam postos na polícia e no exército.

Barein, localizado estrategicamente perto da Arábia Saudita e do Catar, é um caso à parte na região: dos pontos de vista cultural, religioso e político, o país é influenciado tanto pelo Irã, amplamente xiita, como pelos Estados árabes ao seu redor, majoritariamente sunitas. Uma situação que leva a uma divisão interna.

Apesar de os xiitas corresponderem a cerca de 70% da população, o país é governado, desde 1971, por uma família real sunita, liderada pelo rei Hamad Bin Isa Al Khalifa. Essa rivalidade confessional estaria na origem dos atuais protestos, afirma o especialista em segurança do Gulf Research Center, de Dubai, Mustafá Alani.

"A maioria dos protestos é organizada pelos xiitas, e acredito que o governo conseguirá manter o controle da situação, porque tem o apoio de metade da população sunita" – afirma Alani.

Outros especialistas afirmam, porém, que os protestos não têm origem em questões religiosas e nem são insuflados à distância pelo Irã, como afirmam tanto uma parte da elite social sunita quanto alguns órgãos da imprensa árabe.

A especialista em Islamismo, Sabine Damir-Geilsdorf, que passou as últimas três semanas em Barein, lembra que os protestos ocorrem nas proximidades do 10º aniversário de uma promessa não cumprida pela família real, de organizar um referendo sobre reformas democráticas no país.

Para a especialista alemã, um sentimento de frustração causado pela percepção de corrupção e pela falta de perspectiva de vida é o principal motivo da onda de protestos. Esse sentimento atinge principalmente os xiitas.

"A discriminação dos xiitas é onipresente. Eles têm menos trabalho e possibilidades de ascensão social. Eles não ocupam postos na polícia e no exército. A infraestrutura nas vilas xiitas é pior do que nas regiões sunitas. Isso é assim em todo o território barenita" - afirmou Damir-Geilsdorf.

Os xiitas de Barein reclamam há tempos que são tratados como cidadãos de segunda categoria. A tensão religiosa é consequência dessa discriminação, disse a especialista alemã, e não causa dela. "Essa tensão confessional é claramente gerada por essa discriminação política."

O governo de Barein tenta acalmar a situação por meio de concessões e presentes à população. Todas as famílias necessitadas do país, por exemplo, receberão um bônus de três mil dólares. O rei também anunciou um relaxamento do controle estatal da mídia. Mas as promessas ainda não conseguiram acalmar os protestos. (AF)







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