Java, 09 fev (RV) - Durante esta “Semana da Harmonia inter-religiosa”, na qual
o maior país muçulmano do mundo deveria celebrar o pluralismo das crenças, o cenário
é de ódio e conflito.
Centenas de radicais muçulmanos atacaram ontem um orfanato
e um posto de saúde cristãos e incendiaram duas igrejas no centro da ilha de Java,
na Indonésia.
Os ataques em Temanggung ocorreram após um homem cristão ser
condenado a cinco anos de prisão por distribuir panfletos considerados ofensivos ao
Islã. A polícia da Indonésia afirmou que a multidão considerou a punição muito leve,
pois defendia a pena de morte para o réu.
O grupo começou a atacar o tribunal
em Temanggung após a leitura do veredicto. De acordo com a BBC, a violência se espalhou
para bairros vizinhos, onde duas igrejas foram incendiadas e uma terceira foi danificada.
Nesta terça-feira, em outro caso, foi encontrado um vídeo de ataques ocorridos
domingo contra integrantes da seita islâmica minoritária Ahmadiyah. A gravação aparentemente
mostra um grupo de cerca de 20 homens sendo espancados. Muitos morreram no ataque
enquanto autoridades assistiam passivamente.
A Comissão dos EUA sobre Liberdade
Religiosa Internacional, por meio de seu diretor, Leonard Leo, disse que “a Indonésia
é um país tolerante que deve ser mais intolerante com grupos extremistas. É hora de
o governo indonésio fazê-los pagar pela violência e ódio que espalham”.
Grupos
internacionais de direitos humanos denunciam que os fundamentalistas ameaçam minorias
religiosas há vários anos.
Hoje, no entanto, a polícia e o exército estão
patrulhando as igrejas cristãs do arquipélago. O presidente da Indonésia, Susilo Bambang
Yudhoyono, ordenou o máximo esforço para deter as desordens, declarando que “esta
violência tem que acabar”. (CM)