Brasília, 09 fev (RV) - Representantes de um grupo formado por cerca de 300
índios e ribeirinhos da região do Rio Xingu, do Pará e Mato Grosso, além de estudantes,
ambientalistas e artistas, entregaram ontem ao secretário-executivo da Secretaria
Geral da Presidência da República, Rogério Sotilli, Presidência da República um abaixo-assinado
contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
A comissão pede a
paralisação do processo de licenciamento da obra, cujo investimento está avaliado
em cerca de R$ 19 bilhões e, quando pronta, será a terceira maior hidrelétrica do
mundo.
Integrada pela Aliança em Defesa dos Rios Amazônicos e pelo Movimento
Xingu Vivo, o grupo afirma que a usina causará grande prejuízo ao meio-ambiente e
à população que vive na região.
Exige-se também que o governo federal avalie
uma carta assinada por cerca de 30 especialistas de universidades brasileiras, como
Federal do Rio, Federal do Pará e Universidade de São Paulo, com argumentos científicos
que desaconselham a obra.
Para ribeirinha e representante do movimento “Xingu
vivo para sempre”, Ana Alice Plens, “o barramento do Xingu seria a morte do ecossistema
e da agricultura familiar de todo povo tradicional”.
Em janeiro, o Ibama liberou
o licenciamento para a construção do canteiro de obras. Só com a autorização parcial,
238 hectares serão desmatados. O empreendimento terá dois reservatórios de água de
516 quilômetros quadrados cada um.
O documento entregue a Rogério Sottili,
que também reivindica maior participação da sociedade civil nos projetos energéticos
nacionais, tem 604 mil assinaturas, e conforme nota divulgada pela assessoria do ministério,
será levado à presidente Dilma Rousseff.
“Quero que vocês vejam o governo
como um parceiro. Podemos não chegar a um consenso, mas vamos construir as políticas
por meio do diálogo” – afirmou Sottili. (CM)