Bolonha e Paris: parte o projecto "Átrio dos Gentios"
A pouco mais de
um ano da ideia lançada por Bento XVI, no encontro natalício com a Cúria Romana, já
esta semana vai ter lugar a primeira iniciativa concreta ligada ao “Pátio dos gentios”,
que o cardeal Gianfranco Ravasi classifica como “uma estrutura permanente destinada
a favorecer os intercâmbios e o diálogo entre crentes e não-crentes”. O contexto
da sugestão de Bento XVI, em Dezembro de 2009, foi a evocação da visita que tinha
realizado, meses antes, à República Checa. “Antes desta viagem (observou o Papa),
não cessavam de advertir-me que se tratava de um país com uma maioria de agnósticos
e de ateus… Assim foi com surpresa… que pude constatar como em toda a parte me via
envolvido por grande cordialidade e amizade”. Bento XVI considerou então (citamos),
que “as pessoas que se consideram agnósticas ou ateias devem também estar-nos a peito
a nós como crentes”.
“Quando falamos de uma nova evangelização, talvez estas
pessoas se assustem. Não se querem ver objecto de missão, nem renunciar à sua liberdade
de pensamento e de vontade. E todavia a questão acerca de Deus permanece em aberto
também para elas, mesmo se não conseguem acreditar no carácter concreto da sua solicitude
por nós(…)”.
“Como primeiro passo da evangelização (prosseguiu o Papa), devemos
procurar manter despertada esta busca; devemos preocupar-nos por que o homem não ponha
de lado a questão acerca de Deus deixando de a considerar como questão essencial da
sua existência. Preocupar-nos por que ele aceite esta questão e a nostalgia que nela
se esconde. Isto traz-me à mente a palavra que Jesus cita do profeta Isaías, isto
é, que o templo deveria ser uma casa de oração para todos os povos”.
“Estava
Ele a pensar no chamado átrio dos gentios, que acabava de esvaziar de negócios externos
a fim de o espaço ficar livre para os gentios que ali queriam rezar ao único Deus,
embora sem poder participar no mistério, para cujo serviço estava reservado o interior
do templo. Espaço de oração para todos os povos: ao dizê-lo, Jesus pensava em pessoas
que conhecem Deus, por assim dizer, só de longe; que estão insatisfeitas com os seus
deuses, ritos e mitos; que desejam o Puro e o Grande, mesmo se Deus permanece para
eles o ‘Deus desconhecido’.” .