2011-02-04 18:50:32

FAO ALERTA PARA O RISCO DE CRISE ALIMENTAR


Roma, 04 fev (RV) – A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou um alarme sobre o aumento dos preços dos alimentos no mundo. Segundo a Organização, janeiro bateu o recorde absoluto, com um crescimento de 3,4% em relação ao mês anterior. Trigo, milho, soja e açúcar estão no topo da lista dos aumentos.

Os dados são assustadores: 15% da população mundial não consegue se alimentar diariamente com o mínimo de calorias necessárias. O diretor da Fao, Diouf, e o ministro da agricultura francês, Le Maire, anunciaram que há o risco de novas manifestações e revoltas em protesto contra a fome.

Entre os motivos desse aumento de preços, pode-se citar eventos meteorológicos, como inundações e secas, que danificaram a agricultura de vários países, entre os quais grandes produtores, a exemplo dos Estados Unidos, da Argentina e da Rússia. A maior causa da inflação nos gêneros alimentícios, porém, foi apontada pela FAO como sendo a especulação financeira.

Sobre o assunto, a Rádio Vaticano entrevistou o economista diretor da Fundação Justiça e Solidariedade, Riccardo Moro. Ele explicou que os grandes lobbies agrícolas – que são lobbies financeiros – investem no mercado financeiro, tiram os produtos do mercado internacional alimentar para fazer aumentar os preços artificialmente. Isso porque querem fazer valorizar os títulos derivativos nos quais investiram, atrelados a esses produtos.

Quando os títulos vencem, eles arrecadam em dinheiro e relançam os produtos no mercado. Isso não tem relação alguma com colheitas, safras ou mau tempo, é pura especulação.

Para o economista, isso é fruto de uma má regulamentação. Bastaria um acordo, entre todos os países que são sedes de mercados financeiros importantes, para fazer uma padronização.

Questionado sobre os prejuízos resultantes da atual alta de preços, Moro explicou que há risco de crise e revoltas, mas que não há motivos para que a alta se mantenha por tanto tempo, pois haverá uma queda nos preços quando os produtos objetos de especulação forem relançados no mercado.

A FAO anunciou que, pelo menos, o preço da carne permaneceu inalterado. Segundo os economistas da Organização, uma das razões seria o escândalo de contaminação do alimento na Europa, o que foi compensado com uma leve subida do preço das exportações de carne do Brasil e dos Estados Unidos.

De acordo com a FAO, a tendência de alta deve permanecer pelos próximos meses. O quadro preocupa a agência, principalmente, com relação aos países de renda baixa, que já têm um déficit alimentar. Em janeiro, a FAO alertou para uma possível nova crise dos alimentos, como a registrada em 2007 e 2008. (ED)







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