Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica, teme influência do individualismo e do relativismo
(2/2/2011) O arcebispo brasileiro João Braz de Aviz, novo prefeito da Congregação
para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, alertou
para os perigos do individualismo e do relativismo nestas instituições. “A influência
do individualismo e do relativismo no nosso tempo atingiu, pelo menos em parte, também
alguns âmbitos da vida consagrada, diminuindo o seu vigor”, refere o membro da Cúria
Romana, em entrevista ao jornal do Vaticano, «L’Osservatore Romano». No dia em
que a Igreja Católica celebra, em todo o mundo, o Dia do Consagrado, D. João Braz
de Aviz admite que “várias ordens e congregações estão a assistir a uma diminuição
das vocações, ao envelhecimento dos seus membros e, em muitos casos, a uma diversidade
de orientações no seio da própria família religiosa”. Este responsável sublinha
que os religiosos e religiosas não são os únicos a “experimentar a diminuição das
vocações”, que considera “um fenómeno mais amplo”, particularmente sentido na Europa. Segundo
os últimos dados disponibilizados pelo Vaticano, as religiosas são quase 74 mil, em
todo o mundo, enquanto os religiosos são cerca de 170 mil (135 mil padres e 54 mil
irmãos). Em Portugal, as religiosas são mais de 5400 e os religiosos mais de 1500. O
prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica considera que “a fidelidade aos fundadores e a comunhão profunda com a
Igreja poderão voltar a dar à vida consagrada um maior esplendor, ao serviço da própria
Igreja e da humanidade”. Na entrevista, publicada na edição em italiano de 2 de
Fevereiro do «Osservatore Romano», D. João Braz de Aviz fala sobre o desenvolvimento
da chamada teologia da libertação, lembrando que o falecido Papa João Paulo II (1920-2005)
afirmou que a mesma “não só é útil, mas também necessária". "A opção preferencial
pelos pobres é uma opção evangélica da qual dependerá, em primeiro lugar, a nossa
própria salvação. A sua descoberta e construção por parte da teologia da libertação
representaram um olhar sincero e responsável da Igreja sobre o vasto fenómeno da exclusão
social", referiu. O arcebispo brasileiro disse acreditar que “ainda não foi suficientemente
completado o trabalho teológico para desvincular a opção pelos pobres da sua dependência
de uma teologia da libertação ideológica, tal como advertiu recentemente Bento XVI". Este
membro da Cúria Romana declarou que “os religiosos e as religiosas, com a radicalidade
da sua vocação evangélica, podem colaborar em muito para este novo percurso”.