Episcopado europeu critica diplomacia da EU: em causa a falta de consenso para uma
declaração comum em condenação das perseguições religiosas
(2/2/2011) A Comissão dos Episcopados Católicos da Comunidade Europeia (COMECE) criticou
os responsáveis diplomáticos da União por não terem chegado a acordo sobre uma declaração
comum em condenação das perseguições religiosas. Em comunicado, a COMECE, com sede
em Bruxelas (Bélgica), manifesta “profundo pesar” pela “hesitação diplomática” manifestada
na última reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), que
decorreu entre 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro. Considerando “incompreensível” a
falta de acordo dos representantes dos 27 estados da União Europeia, a nota da COMECE
sublinha que “vidas inocentes estão a ser ceifadas em ataques atrozes contra cristãos
e outras minorias, em todo o mundo. Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE
acordaram voltar ao tema numa data posterior, evitando subscrever qualquer tipo de
documento sobre a matéria. Para os episcopados católicos da União, o acordo falhou
porque vários ministros rejeitaram uma “referência específica aos cristãos” entre
as vítimas de perseguição religiosa. “A COMECE interroga-se sobre esta hesitação,
dado que a opinião pública na Europa já tomou consciência da situação particular dos
cristãos no Médio Oriente, após os recentes ataques contra igrejas no Iraque e no
Egipto” Na última semana, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa adoptou
em Estrasburgo, uma resolução que condena a recente vaga de atentados contra cristãos
no Médio Oriente. Também em Janeiro, o Parlamento Europeu tinha pedido uma “estratégia”
da UE para o respeito da liberdade religiosa, que inclua “uma série de medidas contra
os Estados que deliberadamente não protejam as confissões religiosas”. Os bispos
da União Europeia considera que os ataques contra cristãos “não são casos isolados”
e que a perseguição no Médio Oriente, em particular no Iraque, “pode levar ao desaparecimento
das comunidades cristãs, nos próximos meses”. “As estatísticas sobre a liberdade
religiosa, nos anos mais recentes, mostram que a maioria dos actos de violência religiosa
são perpetrados contra cristãos”, pode ler-se na nota oficial da COMECE.