PAPA SOBRE AS VÍTIMAS DA HANSENÍASE: MUITOS AINDA EM GRAVE MISÉRIA
Cidade do Vaticano, 31 jan (RV) - Todos os anos no mundo são diagnosticados
cerca de 650 mil novos casos de lepra, 70% dos quais na Índia. Em Moçambique, na Indonésia,
na República Democrática do Congo e no Brasil registram-se os aumentos mais relevantes.
O 58º Dia mundial de combate à hanseníase, celebrado ontem, domingo, com o tema "Há
um só céu para o mundo inteiro", chamou a atenção para a gravidade dessa doença.
Para
a ocasião, o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde,
Dom Zigmunt Zimowski, publicou uma mensagem intitulada "Unir os nossos esforços para
expressar melhor a Justiça e o Amor para com os doentes de lepra".
O Arcebispo
exorta a reforçar o compromisso a assegurar às pessoas atingidas pelo morbo de Hansen
um diagnóstico tempestivo e a possibilidade de acesso aos tratamentos, em vista de
uma desejada reinserção social e no trabalho.
De fato, a prioridade é assegurar
aos doentes de lepra a possibilidade de um diagnóstico precoce e de acesso aos cuidados
médicos, favorecendo às pessoas curadas, mas mutiladas, a reinserção social e no campo
do trabalho. Para tal, é preciso recorrer, também, a uma difusa e capilar ação educacional
junto às comunidades de pertença, em vista da superação do preconceito e para favorecer
o acolhimento.
Em sua mensagem, o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Agentes de Saúde chama a atenção para a condição de milhões de pessoas no
mundo acometidas pelo morbo de Hansen, uma patologia cuja força letal foi reduzida
mediante eficazes terapias farmacológicas, mas que "continua provocando sofrimento,
deformação e exclusão social".
Evidenciando essa condição de marginalização
quase insanável, Dom Zimowski recorda a mensagem do Papa por ocasião da XXIV Conferência
Internacional do organismo vaticano, em novembro passado, intitulada "Caritas in veritate.
Por uma reta e humana assistência à saúde".
Na ocasião, o Santo Padre observava
como "em nossa época se assiste, de um lado, a uma atenção à saúde que corre o risco
de transformar-se em consumismo farmacológico, médico e cirúrgico, tornando-se quase
um culto ao corpo e, de outro, à dificuldade de milhões de pessoas a terem acesso
a condições de subsistência mínima e a medicamentos indispensáveis para tratar-se".
"Portanto,
também no campo da saúde – ressalta o Arcebispo citando ainda Bento XVI – é importante
instaurar uma verdadeira justiça distributiva que assegure a todos, segundo necessidades
objetivas, tratamentos adequados."
De fato, para que não se torne desumano,
"o mundo da saúde não pode subtrair-se das regras morais que devem governá-lo; aliás,
deve acolher o homem reconhecendo nele a imagem divina, que "funda a altíssima dignidade
de toda pessoa e suscita em cada um a exigência do respeito, da assistência e do serviço".
Por
fim, Dom Zimowski quis recordar a contribuição de muitos que na Igreja dedicaram a
vida às vítimas do morbo de Hansen: do Cardeal canadense Paul Emile Leger ao sacerdote
belga São Damião de Veuster, ao Beato polonês Jan Beyzym, aos missionários que no
mundo administram mais de 500 leprosários.
O Presidente do Pontifício Conselho
da Pastoral para os Agentes de Saúde agradeceu, ainda, à Fundação Raul Follereau e
a todos os agentes da saúde, da sociedade, da política e da informação engajados na
luta em favor dos doentes de lepra.
A Aifo, Associação Italiana Amigos de Raul
Follereau – que este ano completa 50 anos de atividades – trabalha para sensibilizar
a opinião pública e para angariar fundos em favor de projetos de ajuda naqueles países
em que a lepra ainda é difusa. (RL)