A santidade está no coração do mistério da Igreja: Bento XVI aos padres e estudantes
do Colégio Etiópico, situado no Vaticano
(29/1/2011) “Os Santos não são um ornamento que reveste a Igreja do exterior; são
– isso sim - como flores de uma árvore que revelam a vitalidade da linfa que a percorre”.
Reflexão de Bento XVI, dirigindo-se aos padre e seminaristas do Pontifício Colégio
Etíope, recebidos no Vaticano por ocasião dos 150 anos do falecimento de São Justino
De Jacobis. O Papa traçou em largos traços o percurso de vida desta “luminosa figura”.
“Digno filho de São Vicente de Paulo, são Justino viveu de modo exemplar
o seu fazer-se tudo para todos, especialmente ao serviço do povo da Abissínia.
Enviado
aos 38 anos, pelo então Prefeito de Propaganda fide, o cardeal Franzoni, como missionário
na Etiópia… logo pensou em formar padres etíopes, dando vida a um seminário… Com o
seu zeloso ministério, actuou incansavelmente para que aquela porção de povo de Deus
reencontrasse o fervor originário da fé… Justino intuiu com largueza de vistas que
a atenção ao contexto cultural devia ser uma via privilegiada sobre a qual a graça
do Senhor haveria de formar novas gerações de cristãos. Aprendendo a língua local
e favorecendo a plurissecular tradição litúrgica do rito próprio daquelas comunidades,
empenhou-se também numa eficaz actividade ecuménica, Ao longo de mais de 20 anos,
desenvolveu generosamente o seu ministério, primeiro sacerdotal primeiro e depois
episcopal, em benefício de todos os que encontrava e amava como membros vivos do povo
a ele confiado. Coroando uma existência de fecundo contributo para a vida religiosa
e civil dos povos abissínios, após múltiplos sofrimentos e perseguições, faleceu em
1860. Pela sua paixão educativa, especialmente na formação sacerdotal, São Justino
De Jacobis pode justamente ser considerado padroeiro deste Colégio, que acolhe presbíteros
e candidatos ao sacerdócio, apoiando-os no seu empenho de preparação teológica, espiritual
e pastoral. Foi beatificado por Pio XII em 1939 e canonizado por Paulo VI em 1975.
Bento XVI exortou os padres e seminaristas etíopes e eritreus a seguirem
o caminho da santidade, deixando-se animar pelo Espírito de Cristo, conformando-se
cada vez mais perfeitamente à Sua imagem. Como diz o Concílio Vaticano II (“Lumen
Gentium”, 50) nos santos Deus manifesta aos homens a sua presença e o seu rosto, transmite
um sinal do seu Reino. “Deus tem necessidade de cada um de nós para mostrar nos séculos
futuros a extraordinária riqueza da sua graça…”
“Não obstante o carácter
próprio da vocação de cada um, não estamos separados entre nós. Somos solidários,
em comunhão no interior de um único organismo espiritual. Somos chamados a formar
o Cristo total…”
“Cristo é inseparável da Igreja que é o seu Corpo – sublinhou
com insistência o Papa. É na Igreja que Cristo liga mais estreitamente a si os baptizados
e, alimentando-os na ceia eucarística, os torna participantes da sua vida glorioso.”.
“A
santidade coloca-se, portanto, no coração mesmo da mistério eclesial e é a vocação
a que somos todos chamados. Os Santos não são um ornamento que reveste exteriormente
a Igreja. São como as flores de uma árvore, que revelam a inexaurível vitalidade da
linfa que a percorre.”
“É belo contemplar assim a Igreja, de modo ascensional,
em direcção à plenitude do homem perfeito; em contínua, árdua, progressiva maturação;
tendendo dinamicamente para a plena realização em Cristo” – observou Bento XVI, que
concluiu fazendo votos de que a experiência de comunhão vivida em Roma ajude os padres
etíopes e eritreus a levar aos seus países de origem “um precioso contributo para
o crescimento e a pacífica convivência” daquelas “amadas nações”.