Roma, 27 jan (RV) – “Nós não devemos ver os migrantes como um objeto de evangelização,
mas como agentes da mesma. O próprio Fundador, desde o início viu a emigração de católicos
como um instrumento providencial no plano de Deus para difundir o Evangelho. O nosso
apostolado só será eficaz se transformamos os imigrantes em comunidades que evangelizam”.
Foi o que escreveu Pe. Sérgio O. Jeremias, Superior Geral dos Missionários de São
Carlos (Escalabrinianos), em sua carta de 25 de janeiro, cuja cópia foi enviada à
Agência Fides, descrevendo as etapas do caminho proposto para este ano sobre o tema
“Comunidade que evangeliza”.
O superior geral afirmou que “a Igreja recebeu
o mandato de Jesus para continuar a sua missão de evangelização ao longo dos séculos”
e o Espírito Santo suscitou nela homens e mulheres que levaram a sério o compromisso
de levar a mensagem do amor de Deus, em especial a grupos específicos de pessoas pobres
e marginalizadas. “Também eles, como Jesus, se cercaram de outros discípulos que fizeram
exatamente isso, zelaram e se dedicaram, não como indivíduos, mas como uma comunidade
estruturada, à evangelização, dando origem a ordens e congregações religiosas na Igreja”.
O Beato Giovanni Batista Scalabrini identificou “uma categoria de pessoas
pobres que não tinha ainda recebido a devida atenção na Igreja: os migrantes”, preocupado
que eles “perdessem, numa vida totalmente material, a fé de seus pais”. A Congregação
fundada por ele foi em seguida engajada desde o início naquilo que Papa João Paulo
II chamou de “nova evangelização”, dirigindo-se “àqueles que cresceram na fé, são
transplantados num bem cultural, social e eclesial diferente daquele familiar e correm
o risco de colocá-la de lado e perdê-la ou porque não encontram um terreno adequado
para crescer nela, ou porque querem queimar tempo para melhorar sua condição econômica”.
Após reiterar que “na nossa congregação, todos somos chamados a evangelizar
onde quer que estejamos, qualquer função que desempenhamos e qualquer atividade que
realizamos”, Pe. Sérgio Jeremias sublinha “alguns aspectos da evangelização Escalabriniana”.
Em primeiro lugar, “o cristão não evangeliza nunca como um indivíduo sozinho, mas
como membro de uma comunidade”. Portanto, “não podemos ser evangelizadores Escalabrinianos
se não conhecemos primeiro o mundo dos migrantes, sua cultura, suas necessidades,
seus anseios e aspirações”. Os imigrantes não devem ser considerados apenas objetos
de evangelização, mas também como “agentes da evangelização”.
Importante é
a colaboração dos leigos, voluntários e profissionais que atuam dentro e fora da comunidade
de migrantes. Enfim, a partir do momento que o fenômeno da migração está em contínua
mudança, o Superior Geral ressalta: “a nossa Congregação é chamada a rever continuamente
as próprias estruturas, posições e métodos pastorais. Devemos estar abertos aos sinais
dos tempos e ser constantemente criativos no renovar ou até mesmo deixar posições
e formas de apostolado, embora às vezes adquiridas com sacrifício, e encontrar novas”.
(SP)