Cartum, 20 jan (RV) - O fluxo de migrantes que estão voltando para a região
sul do Sudão está aumentando cada vez mais, a ponto de a região estar sob risco de
“crise humanitária”. As informações são do enviado especial das Nações Unidas para
o Sudão, Haile Menkerios.
Uma reunião do Conselho de Segurança dedicada ao
referendo sobre a autodeterminação do sul do país também tratou das dificuldades sociais
e humanitárias ligadas à reintegração desses migrantes à região, que está entre as
mais pobres da África.
Mais de um milhão e duzentos mil sudaneses já voltaram
para o sul, às suas regiões de origem, desde os acordos de paz de 2005. Esse fluxo
intensificou-se nessas últimas semanas, devido à aproximação à data do referendo.
Desde outubro, mais 160 mil pessoas migraram para as porções meridionais do Sudão.
Os
15 países membros do Conselho, entre eles o Brasil, ressaltaram que o referendo se
deu de modo pacífico e que será necessária a colaboração entre Cartum e os ex-rebeldes
agora no governo do novo território. Há grande preocupação para com o respeito aos
direitos de cidadania das minorias étnicas e religiosas e as definições das fronteiras
comuns e da região de Abyei, área onde se concentra uma parte significativa de recursos
petrolíferos.
O referendo estava previsto nos acordos de paz de 2005 - documento
que, aliás, está por vencer -, e desenvolveu-se entre os últimos dias nove e 15 deste
mês. Se os resultados apurados até agora forem confirmados, a porção sul irá separar-se
do resto do Sudão, mantendo consigo as regiões onde estão as maiores concentrações
de hidrocarbonetos do país. (ED)