Bagdá, 20 jan (RV) - “Devemos dizer a verdade claramente: os cristãos são constantemente
agredidos e forçados a deixar o Iraque”. Foi o que afirmou o arquidiácono Emanuel
Youkhana, coordenador da ajuda humanitária para as famílias cristãs no Iraque, da
Igreja Assíria do Oriente, em uma entrevista à Associação de Ajuda à Igreja que Sofre
(AIS). O arquidiácono nega, como afirma o governo iraquiano, que o “terror não é dirigido
contra os cristãos, mas contra todos. Os ataques são claramente dirigidos contra os
cristãos. Não é suficiente somente condenar o que aconteceu. Os cristãos não têm medo
de ataques atuais, mas têm medo pelo futuro e por aquilo que ainda poderá ocorrer”.
Para o arquidiácono eles temem, acima de tudo a islamização em constante aumento na
sociedade, como demonstraria o fato de que muitas mulheres cristãs não se atrevem
a sair de suas casas sem o véu. Recentemente a Faculdade de Música da Universidade
de Bagdá foi fechada porque a música é incompatível com a Sharia.
Na entrevista,
Padre Youkhana também criticou o fato de que a Constituição iraquiana discrimina os
cristãos. Dispõe, por exemplo, que existam sempre representantes religiosos muçulmanos
entre os juízes do Tribunal Constitucional do país. “A Constituição – afirma ele -
deve reconhecer igual tratamento aos cristãos e não deve torná-los cidadãos de segunda
ou terceira categoria. Já não é mais suficiente limitar os nossos pedidos para uma
maior proteção das igrejas; e as nossas escolas, as nossas casas, e a nossa vida de
todos os dias?”.
A fuga dos cristãos do Iraque é continua: a cada semana,
disse o arquidiácono, quatro aviões deixam Bagdá direto a Beirute e a maioria dos
passageiros é formada por cristãos. “O objetivo da Igreja é dar novamente esperança
e confiança ao seu povo. É necessário agir principalmente com as crianças e jovens.
A Igreja tem um papel fundamental porque transmite às pessoas uma mensagem de esperança
e dá apoio material”.
O futuro dos cristãos está, portanto, em nossas mãos,
“o governo não faz nada, os cristãos são indefesos, mas ainda têm esperança. Mas a
esperança não pode ser baseada apenas nas palavras. É importante que os meios de comunicação
informem sobre a situação dos cristãos. A Igreja presente em todo o mundo e as organizações
de caridade oferecem uma solidariedade moral e material forte, mas a Igreja não tem
os meios para fornecer todas as infra-estruturas nem para provocar uma mudança política”.
E é aqui, para o Padre Youkhana que “os governos ocidentais devem intervir”. (SP)