INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: DUAS MULHERES ESPANCADAS E HUMILHADAS PUBLICAMENTE
Lahore, 19 jan (RV) – Duas mulheres foram agredidas e humilhadas em público
em Lahore, no Paquistão. A acusação: serem cristãs e blasfemarem. Os agressores eram
extremistas islâmicos. O episódio de agressões começou com uma controvérsia familiar,
uma discussão com a cunhada muçulmana de uma das agredidas. Como pano de fundo do
episódio, a educação religiosa a ser dada à filha desta cunhada, já que ela é muçulmana
e o marido cristão. A mulher muçulmana falou a alguns vizinhos que as duas cristãs
haviam difamado o profeta Maomé.
A acusação chegou aos ouvidos de um grupo
de extremistas islâmicos daquela área, que juntou uma multidão, espancando as duas
mulheres cristãs até que perdessem os sentidos. A crueldade da multidão contra as
duas mulheres – crueldade provocada por outra mulher da mesma família – chegou a limites
extremos.
Depois de espancá-las, fizeram colares com sapatos velhos, que colocaram
ao redor dos seus pescoços, sujaram seus rostos, puseram-nas sobre o lombo de jumentos,
os quais fizeram circular pelo bairro carregando as duas já semi-conscientes.
Foram
resgatadas por um agente de uma Organização Não Governamental.
Um dirigente
da polícia de Lahore, Zulfiqar Hameed, confirmou tratar-se de uma briga gerada no
seio familiar, e disse que as acusações contra as duas mulheres foram injustas. Quanto
à punições aos agressores, não se tem informações.
O bispo coadjutor de Islamabad-Rawalpindi,
Dom Rufin Anthony, denunciou o aumento da intolerância religiosa na sociedade paquistanesa,
classificando-o como um problema de natureza sociológica, que deve ser resolvido com
urgência. Católicos, no país, afirmam que a religião tem sido usada para resolver
rixas pessoais e que Estado e religião deveriam separar-se para evitar que se desencadeie
uma guerra civil no Paquistão. (ED)