Presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes defendeu em Fátima
o pluralismo como uma das categorias que dá vitalidade ao desenvolvimento humano,
mas salientou que com o mundo islâmico o diálogo não é fácil
(16/1/2011) O Presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes (CPMI),
D. Antonio Maria Vegliò admitiu hoje, em Fátima, dificuldades no diálogo entre comunidades
de diferentes culturas e religiões na Europa, “sobretudo com o mundo islâmico”. Intervindo
no XI encontro de agentes sócio-pastorais das migrações, D. António Vegliò disse que
conteúdos diferentes atribuídos pelo mundo islâmico e pela cultura europeia aos mesmos
conceitos podem estar na origem dessa dificuldade. “O diálogo não é fácil, sobretudo
com o mundo islâmico, também porque palavras como justiça, verdade, dignidade e direitos
humanos, laicidade, democracia e reciprocidade têm conteúdo diferente ao que lhe atribui
a cultura europeia”, afirmou. Na conferência que encerrou o XI encontro de animadores
sócio-pastorais das migrações, intitulada "Mobilidade humana e evangelização: os desafios
de um novo milénio", o arcebispo do Vaticano disse que a “multietnicidade” e o “multiculturalismo”
definem o “vulto da Europa” e “trazem consigo diferentes formas de pertença religiosa”. Numa
apresentação do panorama religioso, D. Antonio Vegliò informou que “hoje, aqueles
que chegam aos Estados-Membros são, principalmente, cristãos e, entre eles, muitos
são ortodoxos. Aqueles que pertencem ao judaísmo são cerca de três milhões, mas têm
raízes históricas na Europa. A União Budista Europeia pensa que tem hoje na Europa
de um a três milhões de adeptos. Os muçulmanos, pelo contrário, são cerca de 32 milhões”. Na
conferência, o Presidente do CPMI valorizou a “diversidade cultural como fonte de
vitalidade, inovação e criatividade”, necessária “para a humanidade como também a
biodiversidade para a natureza”. “O pluralismo, com efeito, é uma das categorias
que dão vitalidade ao desenvolvimento humano, entendido não apenas em termos de crescimento
económico, mas também como meio para uma existência mais satisfatória do ponto de
vista intelectual, emocional, moral e espiritual”, sublinhou. Para D. Antonio Maria
Vegliò, “no dia em que uma civilização se abrir a outras culturas, esta mesma beneficia
em termos de crescimento e fortalecimento”, afirmou. Em contexto de crise económica,
o Presidente do CPMI referiu as “condições de grave insegurança” que muitos migrantes
enfrentam, nomeadamente pela perda de postos de trabalho. Em Fátima, no XI encontro
de agentes sócio-pastorais das migrações, D. António Maria Vegliò desafiou os agentes
de pastoral da mobilidade humana à promoção do diálogo multicultural e multiétnico,
participando nessa “síntese cultural” com a proposta do Evangelho. O XI encontro
de agentes sócio-pastorais das migrações, que decorreu em Fátima entre os dias 14
e 16 de Janeiro, analisou o tema “primeira década de uma nova era nas migrações. No
último dia, Domingo, assinalou também o 97º Dia Mundial do Migrante e Refugiado. (texto
integral em "cultura e sociedade")