Cidade do Vaticano, 15 jan (RV) -Bento XVI recebeu em audiência, nesta
sexta-feira, no Vaticano, os representantes das instituições da região italiana do
Lácio, da Câmara e da Província de Roma. No discurso às autoridades o Santo Padre
lançou um apelo em favor de políticas orgânicas para a família, e de garantias para
que as mulheres possam conciliar família e trabalho. O Pontífice falou também, sobre
o respeito à vida a partir de várias perspectivas, sobre a crise econômica e, em particular
sobre a falta de trabalho para os jovens.
Bento XVI pediu, antes de tudo, políticas
orgânicas que não se limitem a propor soluções aos problemas contingentes, mas que
tenham como finalidade sua consolidação e desenvolvimento, e sejam acompanhadas por
uma adequada obra de educação.
A família é o berço original da sociedade no
qual – disse o Papa – os filhos aprendem os valores fundamentais: é na família que
os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva
e pacifica. É na família que se aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito
às regras, o perdão e o acolhimento do outro. É na própria casa que os jovens, experimentando
o afeto dos pais, descobrem o que é o amor e aprendem a amar.
Bento XVI sublinhou
ainda, a obra educativa, para citar alguns aspectos da crise da família amplificados,
às vezes, pelos graves fatos de violência que, infelizmente, acontecem. E a propósito
de valores que se devem aprender, o Papa sublinhou a importância de aprender a viver
o amor na lógica do dom de si mesmo, com uma visão elevada e oblativa da sexualidade.
O
amor humano não deve ser reduzido a objeto de consumo… deve ser percebido e vivido
como experiência fundamental que dá sentido e finalidade à existência.
E depois
a vida: muitos casais desejariam acolher o dom de novos filhos, mas são levados a
esperar, explicou o Papa que sem meios termos afirma: “É necessário apoiar concretamente
a maternidade, bem como garantir às mulheres que desempenham uma profissão, a possibilidade
de conciliar família e trabalho. De fato, muitas vezes, elas são colocadas em posição
de terem que optar entre os dois: O desenvolvimento de adequadas políticas de ajuda,
bem como estruturas destinadas à infância, como jardins de infância, mesmo aqueles
com gestão a cargo de famílias, podem ajudar a fazer com que um filho não seja visto
como um problema, mas como um dom e uma grande alegria.
Em seguida o Papa voltou
seu pensamento ao elevado número de abortos praticados na região do Lácio. Bento XVI
pediu que os “Consultórios estejam em condições de ajudar as mulheres a superarem
as causas que possam levar a interromper a gravidez". Depois manifestou apreço pela
lei em vigor na região do Lácio, que prevê o chamado “quociente familiar” considerando
o filho concebido como componente da família.
A vida continuou no centro do
discurso do Papa, quando falou sobre os idosos como "uma grande riqueza para a sociedade".
Bento XVI pedIu o respeito à vida até ao seu termo natural e solicitou que os idosos
não sejam abandonados à solidão.
O pensamento do Papa dirigiu-se ainda, à questão
da grave e persistente crise econômica e ao problema do trabalho. Os jovens, em particular,
que depois de anos de preparação não vêem saídas profissionais e possibilidade de
inserção social e de projetos de futuro, muitas vezes se sentem desiludidos e são
tentados a recusar a sociedade. O prolongar-se de semelhantes situações causa tensões
sociais que são exploradas pelas organizações criminosas que propõem atividades ilícitas.
Bento
XVI fez então um apelo: “É urgente que, embora no momento difícil, se envidem todos
os esforços no sentido de promover políticas de emprego, capazes de garantir um trabalho
e sustentamento digno, condições indispensáveis para dar vida a novas famílias." (SP)