Cidade do Vaticano 15 jan (RV) - A semana que passou foi uma semana com notícias
tristes e alegres, desde a publicação de alguns decretos concernentes a três milagres,
um martírio e a heroicidade das virtudes de cinco servos de Deus: entre eles, Papa
João Paulo II e a leiga brasileira Nhá Chica; a tragédia das inundações na Austrália
e mais perto de nós, as chuvas intensas que assolaram e assolam a região serrana do
estado do Rio de Janeiro e que já causaram centenas de mortes, em Petrópolis, Nova
Friburgo e Teresópolis; e a recordação do dramático terremoto que atingiu o Haiti
no dia 12 de janeiro de 2010, e que causou a morte de mais de 250 mil pessoas, entre
elas muitos brasileiros. Recordamos em especial os soldados brasileiros que faziam
parte da missão de paz da ONU e a inesquecível Doutora Zilda Arns, fundadora da Pastoral
da Criança no Brasil.
Naturalmente, nos enche de alegria a notícia da beatificação
de João Paulo II e do reconhecimento das virtudes heróicas de Nhá Chica, primeiro
passo para a sua beatificação, com o reconhecimento da santidade desses dois nossos
irmãos exemplos de fé, mas o nosso olhar vai também para o drama que se vive no Brasil,
com as fortes chuvas, e para o drama dos haitianos que, passado um ano, ainda vivem
em situações difíceis. Basta pensar que mais de um milhão de pessoas – cuja metade
é de crianças – continua vivendo em tendas, e mais de 3.800 pessoas morrerem desde
outubro passado, vítimas da epidemia de cólera. A reconstrução ainda não existe. A
violência campeia solta.
Bento XVI enviou ao Haiti, esta semana, o Presidente
do Pontifício Conselho Cor Unum, Cardeal Robert Sarah. Ele visitou algumas comunidades
e levou ajudas econômicas no valor de mais de um milhão e 200 mil dólares. Mas levou
também uma mensagem de Bento XVI na qual ele expressa seu "encorajamento e afeto"
à população haitiana, assegurando suas orações, especialmente em favor daqueles que
morreram: oferece também "uma palavra de esperança nestas circunstâncias particularmente
difíceis.
De fato – afirma – agora é o momento de reconstruir não somente
as estruturas materiais, mas, sobretudo, a convivência civil, social e religiosa".
Já no último domingo, após a oração mariana do Angelus, na Praça São Pedro, o Papa
relembrou o terremoto que assolou o Haiti e manifestou sua proximidade e a proximidade
de toda a Igreja ao povo daquele país caribenho, pedindo mais uma vez à comunidade
internacional que ajudasse aquele povo sofrido.
Em síntese: é necessário solidariedade,
mas uma solidariedade concreta, pois a situação da população continua crítica. As
dificuldades na reconstrução e a propagação da epidemia de cólera, assim como o aumento
dos casos de violência sexual compõem uma situação que se vê agravada pelo difícil
quadro político haitiano. O processo eleitoral não se concluiu e o novo presidente
não foi nomeado. Portanto, existe uma situação que impede uma programação a médio
e longo prazo.
Solidariedade é a palavra que, neste momento, também nós, no
Brasil, devemos ter em mente e colocá-la em prática. O Brasil, e mais especificamente
os habitantes de Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis, necessitam da ajuda de todos,
depois das inundações e dos deslizamentos de terra que ceifaram a vida de centenas
de pessoas. Diante de uma tragédia como essa, somente a fé no Deus que é Amor pode
nos dar força e esperanças para continuarmos a nossa caminhada.
A CNBB manifestou
às vítimas dessa dramática situação, a sua solidariedade, ao mesmo tempo em que conclamou
a sociedade brasileira a intensificar suas doações, “a fim de aliviar a dor e reavivar
a esperança na certeza da superação de tamanha tragédia”. Vamos, também nós, unirmos
a essa corrente de ajuda e, além de nossas orações, realizar gestos concretos em favor
daqueles que hoje devem recomeçar sua vida tudo de novo; muitos deles sem os seus
entes queridos.
É mais uma oportunidade para nós, brasileiros, demonstrarmos
que na Terra de Santa Cruz, o amor e a solidariedade vencem barreiras e dão novas
esperanças. (SP)