Uberaba, 12 jan (RV) - O mês de janeiro costuma ser descartado para coisas
mais sérias: reuniões, encontros, celebrações. Decisões ficam adiadas. Tudo funciona
a meio mastro. Exceção fazem os ensaios de carnaval, e naturalmente as finalizações
da composição do governo Dilma. Como Bispo me considero incluído entre o grupo que
entra em marcha lenta. Usufruindo de um ócio - curto por sinal, e diante da paisagem
verdejante das coxilhas sulinas - fiz uma atenta leitura (com destaca-texto) do documento
de Bento XVI "Palavra do Senhor". Fiquei muito sensibilizado com seu conteúdo, cheio
de fé e de sabedoria. Vê-se que as sugestões dos Padres Sinodais foram muito bem consideradas.
Mas a teologia de Bento XVI sobressai em seu conjunto. Há ensinamentos sublimes sobre
o Verbo de Deus, Jesus Cristo, quando demonstra que nós não somos a religião do livro
(Bíblia), mas de uma pessoa, Cristo. É bem verdade que o documento entra em algumas
coisas óbvias, e já sabidas, como quando sugere que os Leigos que fazem leituras nas
celebrações sejam bem treinados em suas tarefas. Embora a publicação do documento
tenha demorado, sua “mordência” não foi afetada.
Sobressai entre os ensinamentos
do sábio documento, que a revelação divina acontece na criação maravilhosa da natureza;
na história da vida de cada filho de Deus; na história de um povo; nos escritos sagrados
da Bíblia; nos ensinamentos da Santa Igreja; na vida dos justos; no rosto sublime
de Jesus. Neste, "nossa alegria é completa" (1 Jo 1, 4). Só Ele tem palavras de
vida eterna. Não existe busca maior do que esta. Ele deseja reabrir ao homem o acesso
a Deus, que quer se comunicar conosco, para "termos vida em abundância" (Jo 10,10).
Nas manifestações de Jesus é Deus que fala, e reage às nossas interrogações. Com isso
fica evidente que a festa de Pentecostes é eterna, também nos dias atuais. Jesus é
a palavra viva, a sabedoria encarnada de Deus. Ele é um mistério inacessível, que
narra a vida íntima da Trindade. A maneira eterna de comunicação divina fica por conta
da Sagrada Escritura. Ela é definitiva uma vez que o Eterno já disse tudo. Não devemos
mais esperar nenhuma nova manifestação pública. O Consolador Divino esteve atuante
na elaboração das Escrituras, e está na sua leitura atual. Eu gostaria muito que
o caro amigo também fizesse uma leitura atenta desse grande ensinamento de Bento XVI. Dom
Aloísio Roque Oppermann scj - Arcebispo de Uberaba, MG . Endereço eletrônico:
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