Igreja Católica moçambicana pede honestidade e maturidade ao Governo, alerta para
os perigos do monopartidarismo e salienta que a futura revisão constitucional deverá
ser um «verdadeiro exemplo de democracia»
(12/1/2011) A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) desafiou as autoridades políticas
a contribuírem, com maturidade e honestidade, para o progresso do país, à beira de
encetar uma revisão constitucional. “O dia-a-dia faz intuir uma tendência muito
forte ao monopartidarismo” avisam os bispos moçambicanos, num comunicado oficial divulgado
nesta terça feira. Numa análise à realidade daquela nação lusófona, a CEM recorda
a “amarga experiência de monopartidarismo no passado”, esperando que essa memória
“persuada todos os políticos a desistirem dos seus maus intentos”. Recorde-se que
o Parlamento moçambicano aprovou em Dezembro de 2010 um projecto de resolução onde
criou uma Comissão "Ad Hoc" para efectuar a revisão da Constituição. “Façam desse
exercício uma oportunidade para Moçambique dar um verdadeiro exemplo de democracia”
é o repto lançado pela CEM. A nota da Igreja Católica moçambicana destaca ainda
a persistência de casos de tráficos de seres e órgãos humanos no país. “Quando
a Igreja Católica, em 2004 e 2005, denunciou os primeiros casos conhecidos, muito
se fez para afirmar que era falso” recordam, sublinhando que “hoje, a imprensa está
confirmando, com casos, um fenómeno de dimensão planetária”. Em termos de desenvolvimento
social e económico, os bispos católicos saúdam o Governo pela aposta na expansão da
rede escolar, pela melhoria verificada ao nível do saneamento básico, do abastecimento
de energia eléctrica e na rede viária. No entanto, a CEM conclui que o país ainda
está “longe do mínimo desejável”, pedindo aos responsáveis políticos que abandonem
políticas de implementação de megaprojectos, “sem impacto imediato” ou com resultado
negativo para a população local.