2011-01-08 18:04:23

CIMI RECLAMA DE NEGLIGÊNCIA E CRITICA "EXTERMÍNIO DOS POVOS INDÍGENAS"


Cuiabá, 08 jan (RV) - O alto índice de mortalidade infantil registrado nas aldeias da nação Xavante, em Campinápolis/MT seria resultado do abandono, omissão e negligência do governo de Brasília: a análise é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que define a situação como "extermínio dos povos indígenas".

Em artigo assinado por Iara Tatiana Bonin, membro do Cimi/RS, a mortalidade infantil indígena é criticada pela entidade por seus números alarmantes. No texto, Iara Bonin lembra que a terra indígena Parabubure, do povo Xavante, localizada a 562 km de Cuiabá, apresenta uma taxa de mortalidade infantil preocupante.

"Segundo noticiou a imprensa de Mato Grosso, das 200 crianças nascidas no ano passado, 60 morreram em decorrência de doenças respiratórias, parasitárias e infecciosas, o que corresponde a 30% do total de nascimentos no período" – diz o artigo.

E a indigenista completa: "Esta terra indígena está registrada desde 1987, mas a comunidade Xavante sofre com a falta de assistência adequada à saúde, já tendo ocorrido casos de mortes por falta de assistência, denunciados pelo Conselho Indigenista Missionário, no Relatório de Violência contra os Povos Indígenas de 2009."

As mais de 100 comunidades situadas na região do Médio Araguaia – acrescenta Iara – reclamam da falta de veículos, de medicamentos e de equipes técnicas para dar assistência às mais de sete mil pessoas que vivem ali. A situação é precária, não há médicos, enfermeiros e nem meios de transporte para levar os doentes à cidade.

Tal como ocorre na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas, os índices de mortalidade infantil na aldeia Xavante de Campinápolis chegam a quase 100 óbitos para cada 1.000 crianças que nascem. "Em outubro de 2010, lideranças indígenas acamparam na sede da Funasa, protestando contra a falta de uma política adequada de atenção à saúde indígena. Apesar das diferentes formas de mobilização e de luta dos povos indígenas, no dia-a-dia o que eles encontram é o abandono e a omissão" – completa Iara Bonin, que é professora adjunta na Universidade Luterana do Brasil.

"Privilegiando interesses econômicos e políticos específicos – diz Iara, referindo-se ao Planalto – o governo federal colabora para tornar hostis as relações estabelecidas com setores sociais menos favorecidos, em especial as populações indígenas.

Para Iara, sejam quais forem as metas econômicas traçadas para o país, a morte de tantas crianças, pertencentes a povos historicamente tão massacrados, não pode ser considerada aceitável. E em nenhuma circunstância, a negligência com os direitos desses cidadãos do presente e do futuro pode encontrar amparo em uma sociedade que se define democrática.

"Tal como o nascimento, na cultura ocidental contemporânea, a morte também pode adquirir diversos significados; mas a morte que decorre da omissão do Estado não pode, de modo algum, ser esquecida. Não há como calar a voz diante do extermínio lento e gradativo dos povos indígenas" – conclui Iara Bonin. (AF)







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