MISSA DA EPIFANIA DO SENHOR: "A VERDADEIRA ESTRELA É A PALAVRA DE DEUS"
Cidade do Vaticano, 06 jan (RV) – Bento XVI presidiu, na manhã desta quinta-feira,
na Basílica de São Pedro, a Missa da Epifania do Senhor, cuja solenidade a Igreja
no Brasil celebrou no último domingo. O Pontífice iniciou sua homilia falando sobre
o significado universal do nascimento de Jesus salvador.
Ressaltando que o
Filho de Deus veio para toda a humanidade, representada pelos Reis Magos, o Papa convidou
todos os fiéis a meditar sobre esses e sobre seu caminho de busca do Messias. “Que
tipo de pessoas eram e que espécie de estrela era aquela?” – perguntou o Santo Padre,
respondendo, em seguida, que “eles eram provavelmente sábios que estudavam o céu,
mas não para procurar ler nos astros o futuro, eventualmente em busca de lucro. Eram
homens que buscavam algo mais, que buscavam a verdadeira luz, capaz de indicar o caminho
a ser percorrido na vida”.
Como sugestão de reflexão, Bento XVI falou sobre
a "assinatura" de Deus, “uma assinatura que o homem pode e deve tentar descobrir e
decifrar”, na qual, certamente, os Reis Magos acreditavam. “Talvez a maneira para
conhecer melhor esses Magos e acolher seu desejo de se deixar guiar pelos sinais de
Deus – disse o Pontífice - seja deter-se a considerar aquilo que eles encontraram,
em seu caminho, na grande cidade de Jerusalém.”
Bento XVI falou sobre esse
caminho percorrido pelos Reis Magos, do seu encontro com o Rei Herodes, homem ávido
pelo poder, o qual, segundo o Papa, via até mesmo em Deus um rival, que o impediria
de brilhar mais que todos e de fazer tudo o que quisesse. Então, questionou: “Existe,
talvez, alguma coisa de Herodes também em nós? Talvez também nós, às vezes, não vemos
Deus como uma espécie de rival? Talvez também não sejamos cegos diante de seus sinais,
surdos às suas palavras, porque pensamos que coloque limites à nossa vida e não nos
permita dispor da existência como queremos?”
“Devemos tirar de nossa mente
e de nosso coração a idéia da rivalidade, a idéia que dar espaço a Deus seja um limite
para nós; devemos nos abrir à certeza de que Deus é amor onipotente que não tira nada,
não ameaça, pelo contrário, é o Único capaz de nos oferecer a possibilidade de viver
em plenitude, de sentir a verdadeira alegria”.
Continuou sua homilia contando
que os Magos depois encontram, em seu caminho, estudiosos e teólogos que conheciam
profundamente as Sagradas Escrituras e, diferentemente de Herodes, não fecham seus
ouvidos aos que mostram o caminho que leva a Deus. Citando, porém, Santo Agostinho,
que fez considerações sobre a imobilidade daqueles que amam ser guias para os outros,
indicam o caminho, mas não caminham, permanecem imóveis, o Santo Padre refletiu: Mas
novamente podemos nos perguntar se “não existe também em nós a tentação de considerar
as Sagradas Escrituras, este tesouro riquíssimo e vital para a fé da Igreja, mais
como um objeto para o estudo e a discussão dos especialistas do que como o Livro que
nos indica o caminho para chegar à vida”.
Em seguida, falando sobre a Estrela
que os Magos viram e seguiram, Bento XVI acrescentou: “Devemos ir novamente ao fato
de que aqueles homens procuravam as marcas de Deus; procuravam ler sua ‘assinatura’
na criação; sabiam que “os céus narram a glória de Deus” (Sal 19,2); estavam certos
de que Deus pode ser entrevisto na criação. (...) Na beleza do mundo, no seu mistério,
na sua grandeza e na sua racionalidade não podemos deixar de ler a racionalidade eterna,
e não podemos deixar de nos guiar por ela até o único Deus, criador do céu e da terra.
Se tivermos essa perspectiva, veremos que Aquele que criou o mundo e Aquele que nasceu
em uma gruta em Belém e continua a habitar entre nós na Eucaristia são o mesmo Deus
Vivo, que nos interpela, nos ama e quer nos conduzir à vida eterna.”
Falando
sobre o desaparecimento da Estrela assim que os Magos chegam a Jerusalém, o Pontífice
lembrou que “os critérios de Deus são diferentes daqueles dos homens” e que devemos
procurar a Estrela de Deus “na humildade do seu amor e na sua aparente impotência”.
Concluindo,
o Papa afirmou que é a Palavra de Deus a verdadeira Estrela, convidando todos a deixarem-se
guiar por essa Estrela, que é a Palavra de Deus, para que “nossa estrada seja sempre
iluminada por uma luz que nenhum outro sinal poderá nos dar”. (ED)