2011-01-04 18:39:02

CATEDRAL DE SAN SALVADOR TOMADA POR EX-COMBATENTES DA GUERRA CIVIL


San Salvador, 04 jan (RV) - “Como pastores da Igreja em El Salvador, exigimos a entrega imediata da catedral de San Salvador, e pedimos que não se repitam mais atitudes como esta”: é o que se lê em uma breve declaração, composta por cinco pontos, difundida, neste domingo, pela Conferência Episcopal de El Salvador. Os bispos estão pedindo que o principal templo católico do país seja desocupado pelo grupo de ex-combatentes do exército, que estão lá acampados há 14 dias.

No documento, os prelados classificam o gesto dos manifestantes de “deplorável e inoportuno”. Ex-combatentes de guerra tomaram a igreja para protestar contra o governo de Mauricio Funes. O motivo: atrasos nos programas de reinserção social de numerosos salvadorenhos que lutaram na guerra civil, concluída com um acordo de paz, por mediação das Nações Unidas, em 16 de janeiro de 1992.

O arcebispo da capital, Dom Luis Escobar Alas, que foi obrigado a presidir as celebrações natalinas em outras igrejas, falou à imprensa, ressaltando que “existem outros meios e outros espaços, muito mais apropriados para exigir do governo que se cumpram os acordos que dizem respeito a esse setor da sociedade e seus direitos”. O prelado também se dirige ao governo, requerendo que este facilite o diálogo com os manifestantes, entre os quais estão pessoas afetadas por essa longa guerra, que durou 14 anos, durante a qual atuaram como militantes do Fronte Farabundo Martì para a Libertação Nacional. O Fronte hoje se tornou um movimento político constitucional.

O arcebispo declarou que não é possível para a Igreja assumir um papel de mediação enquanto a Catedral permanecer ocupada. Ele especifica que “não quer solicitar o uso da força, imprópria a um templo, e que, por isso, confia na racionalidade dos ocupantes”.

A guerra civil em El Salvador provocou 75 mil mortes, deixou sete mil pessoas desaparecidas e milhares de outras mutiladas, muitas das quais adolescentes. Os acordos de paz firmados em 1992 prevêem programas de reinserção social e um mínimo de colaboração econômica para com os ex-combatentes. Porém, a ONU não tem repassado verbas há alguns anos e o governo afirma não poder arcar com todos os gastos, o que, aliás, também foi alegado pelo governo anterior. (ED)







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