(3/1/2011) Um dia após o mais violento ataque contra a minoria cristã do Egipto,
os fiéis coptas voltaram ontem à Igreja de Todos os Santos em Alexandria para participar
na missa dominical, onde foram lembrados os 21 mortos e 97 feridos do atentado da
véspera. Enquanto isto, a polícia dava conta de ter detido 17 pessoas suspeitas de
ligação ao ataque, que não foi reivindicado. Sinais de sangue eram ainda visíveis
na fachada do templo, colocado sob protecção policial - assim como a mesquita que
lhe fica em frente -, e também no solo onde, na véspera, foram colocadas muitas das
vítimas do ataque. Retábulos com a imagem de Cristo e da Virgem revelam também sinais
do impacto da explosão ocorrida no exterior. Enquanto os coptas choram os seus
mortos, cujos funerais ocorreram no sábado e contaram com a presença de cinco mil
pessoas, continuam a chegar ao Egipto declarações de repúdio e de condenação pelo
ocorrido. Ao mesmo tempo, os responsáveis civis e religiosos, como o grande imã de
Al-Azhar, Ahmed al-Tayyeb, apelam à calma e à unidade "entre a Cruz e o Crescente".
A própria imprensa egípcia fazia ontem eco desse apelo, alertando que "se o plano
terrorista tiver êxito", o Egipto poderá viver uma situação de violento confronto
inter-religioso como ocorreu no Líbano em Abril de 1975 e que degenerou em guerra
civil. Mas para os cristãos não chega afirmar que a violência foi congeminada por
estrangeiros; exigem saber quem a preparou e quem a concretizou. Entre as mensagens
que chegaram ao Cairo, conta-se a de Jerzy Buzek, presidente do Parlamento Europeu,
que, além de condenar o ataque pediu ao Governo do Presidente Hosni Mubarak para garantir
a protecção da minoria cristã e fazer "tudo o que estiver ao seu alcance para revelar
quem está, de facto, na origem deste terrível ataque". Catherine Ashton, chefe
da diplomacia da UE, também fez questão de manifestar a sua "mais profunda simpatia"
às famílias e amigos das vítimas, ao mesmo tempo que afirmou "não poder haver qualquer
justificação para este ataque". E, como Buzek, exigiu que a comunidade cristã "deve
ser protegida".