(31/12/20109 O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga
considera que “o nascimento de Jesus inaugurou uma nova era”, ao trazer uma perspectiva
de salvação para toda a humanidade. Um capital de esperança que, segundo o arcebispo
de Braga, deve ser aproveitado para vencer dificuldades e criar condições para uma
sociedade mais humana e feliz. “Não é tempo de lamentações nem queixumes quando
temos tudo ao nosso alcance para fazer do mundo um lugar de beleza” sublinha o prelado,
numa mensagem deixada aos fiéis durante a Solenidade do Nascimento de Jesus Cristo,
celebrada dia 25 de Dezembro na Catedral de Braga. Para D. Manuel Clemente, “a
grande lição do Natal” está num Deus que se fez Menino, “intrinsecamente interdependente”
e que “contrasta em absoluto” com as noções actuais de segurança, poder e glória. Na
sua mensagem para o dia de Natal, o bispo do Porto sublinha que as circunstâncias
do nascimento de Jesus, assim como da sua morte, continuam a ser motivo de “contraste”
e de “surpresa”, numa sociedade que teima em primar por uma “inveterada auto-suficiência”. A
ligação estreita entre Deus e o Homem, que nos fez “filhos de Deus”, continua a ser
a “absoluta novidade do cristianismo” realça o prelado, que no contexto da actual
crise económica identifica sinais positivos do Natal de Cristo, “activo no mundo”,
tanto ao nível da simples boa vizinhança, como no papel solidário de variadas instituições
sociais e empresas. O bispo do Porto deixa contudo um alerta: “temos muito a recuperar
e a desenvolver, no que aos sentimentos básicos respeita, para nos levarmos mais a
sério como humanidade feliz e solidária”. Segundo D. José Policarpo, trata-se sobretudo
de acompanhar a transformação que a incarnação de Deus trouxe para a convivência entre
os homens. “Abramo-nos, nesta festa tão bela, a esta simplicidade do coração que
nos levará, com coração de criança, a tocar Deus em tudo o que é verdadeiramente humano”
conclui.
“As pessoas de fé devem assumir um papel activo na construção de
pontes de paz e de reconciliação”: assim se lê na mensagem de Natal dos líderes das
Igrejas cristãs de Jerusalém. Eles convidam a comunidade internacional a pôr fim a
qualquer forma de violência.
O documento é assinado, entre outros, pelo patriarca
latino de Jerusalém, Fouad Twal, e pelo custódio da Terra Santa, Pierbattista Pizzabala.
Lê-se, no texto, que muitas pessoas no mundo “vivem sob a ameaça da violência e da
perseguição política” e que “o papel da Igreja consiste em encorajar a todos a construir
pontes de compreensão, e não muros de divisão”.
-"O nascimento de Jesus
é acompanhado pela paz. O Senhor deixou-nos como herança o dom da paz. A humanidade
reconciliada com Deus através do Senhor deve tornar-se uma comunidade de pessoas
realmente em paz, que eliminem a guerra, o conflito, a violência, o terrorismo e cancelem
dos seus corações o ódio que separa os povos" – foi o que disse o Arcebispo de Kinshasa,
na Republica Democrática do Congo, Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, durante a homilia
da missa de Natal celebrada na Catedral de Nossa Senhora de Lingwala.
O purpurado
recordou aos congoleses que "uma paz duradoura não pode ser obtida sem justiça, verdade
e amor" e expressou o seu pesar pela "cultura de guerra e violência que dominante
no país".
O Cardeal Pasinya salientou que "todas as medidas são tomadas
e actuadas para perpetuar a guerra" e advertiu sobre o risco de banalizar a morte
no Congo. Convidando governantes e cidadãos a um despertar da nação, o purpurado recordou
que o povo sabe o que se está a passar no país, que está a ser promovida uma cultura
de mentira, injustiça, corrupção, ódio e morte.
O Arcebispo de Dacar, no Senegal,
Cardeal Théodore Adrien Sarr, também fez um apelo á paz e reconciliação na sua mensagem
de Natal.
Olhando para o Senegal, o purpurado pediu ao Governo para criar condições
de uma paz definitiva em Casamance. Falando aos milicianos do movimento independentista,
pediu-lhes que ouçam o grito de desespero e medo das populações, dando prova de respeito
pela vida humana.
Desde 1982, o sul de Casamance é palco de um conflito armado
que envolve a local rebelião do Movimento das Forças Democráticas de Casamance (MFDC),
em luta pela independência, e os soldados do Governo enviados pelas autoridades de
Dacar. Não obstante o acordo de paz, alguns expoentes da milícia continuam a perpetrar
ataques esporádicos contra civis e militares. O Cardeal Sarr fez um apelo ao retorno
da paz na Costa do Marfim, que se encontra em plena crise pós-eleitoral.
Recordo
que a África esteve presente mensagem natalícia de Bento XVI, que no dia de Natal
recordou os países africanos marcados pela falta de estabilidade, como o Congo, Somália,
Costa do Marfim, Madagáscar e a região sudanesa de Darfur. O Papa pediu a solidariedade
internacional diante de um futuro cada vez mais incerto.