FESTA DOS SANTOS INOCENTES: EXORTAÇÃO DO PAPA A TUTELAR A INFÂNCIA
Cidade do Vaticano, 28 dez (RV) - "As vítimas imoladas pela ferocidade de Herodes",
que dão testemunho de Cristo, "não com Palavras, mas com o sangue", lembram-nos que
"o martírio é dom gratuito do Senhor" e lembram também "a eminente dignidade das crianças
na Igreja".
São algumas palavras do Missal Romano com as quais a liturgia desta
terça-feira celebra a memória dos Santos Inocentes, mortos por ordem do rei Herodes
que, com tal decisão, queria atingir o Menino Jesus.
Aproveitamos a ocasião
para repropor algumas considerações de Bento XVI sobre o tema da infância e da sua
proteção.
Herodes, o grande sanguinário, que tomado de suspeita manda exterminar
os Inocentes nesta data celebrados pela Igreja, revive nos muitos "Herodes" que fazem
igual a vinte séculos atrás, com armas diferentes e, por vezes, nem mesmo com elas.
A
loucura homicida do rei bíblico, e dos muitos violentos de hoje, é uma fúria que se
abate – observara Bento XVI um ano atrás – sobre os mais inermes, aqueles em cujos
olhos se refletem intactas as cores do verdadeiro Paraíso:
"Os rostos das crianças
são como um reflexo da visão de Deus sobre o mundo. Por que, então, desfazer os seus
sorrisos? Por que envenenar seus corações? Infelizmente, o ícone da Mãe de Deus da
ternura encontra o seu trágico contrário nas dolorosas imagens de tantas crianças
e de suas mães à mercê de guerras e violências: deslocados, refugiados, migrantes
forçados." (Missa de 1º de janeiro de 2010)
Os "rostos dos pequenos
inocentes", "marcados pela fome e pelas doenças, rostos desfigurados pela dor e pelo
desespero" – destacara o Papa – "são um apelo silencioso à nossa responsabilidade":
"Diante
da sua condição inerme, desmoronam todas as falsas justificações para a guerra e para
a violência. Devemos simplesmente converter-nos a projetos de paz, depor as armas
de todo tipo e comprometer-nos todos juntos a construirmos um mundo mais digno do
homem." (Missa de 1º de janeiro de 2010)
Os Mártires Inocentes de Belém
são, portanto, o ícone da infância violada, da qual parte um grito sufocado que atravessa
toda a história e todas as consciências. Um grito ao qual, com grande participação
pessoal, Bento XVI prestou as seguintes palavras:
"Gostaria de aproveitar a
ocasião para lançar um grito em favor da infância: cuidemos dos pequenos! É preciso
amá-los e ajudá-los a crescer. E o digo aos genitores, como também às instituições.
Ao lançar este apelo, o meu pensamento se dirige à infância de todas as partes do
mundo, particularmente à infância mais indefesa, desfrutada e vítima de abusos. Confio
toda criança ao coração de Cristo, que disse: "Deixai vir a mim as criancinhas!"."
(Angelus, 2 de março de 2008) (RL)