DOCUMENTO EMBLEMÁTICO DO CONCÍLIO VATICANO II, "GAUDIUM ET SPES", COMPLETA 45 ANOS
Cidade do Vaticano, 28 dez (RV) - O último dia do Concílio Vaticano II, 8 de
dezembro de 1965, foi também o dia da promulgação por parte de Paulo VI, da Constituição
dogmática Gaudium et spes, um dos textos mais importantes produzidos pelo Concílio,
no qual a Igreja se detém sobre a atualidade do mundo e sobre a necessidade de relançar
novos laços com "os homens e as mulheres de boa vontade" para construir a paz e a
justiça. Aproveitando a ocasião desse recente significativo aniversário, o jesuíta
Pe. Dariusz Kowalczyk relê a importância da Gaudium et spes, à distância de 45 anos
de sua promulgação:
Pe. Dariusz Kowalczyk: "Durante uma discussão sobre
a situação da Igreja no mundo um coirmão me disse: "Bastam-nos o Evangelho e a Gaudium
et spes". No passado, porém, muitas vezes ouvi a opinião de que a interpretação dessa
Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual era por demais otimista e até
mesmo ingênua. Joseph Ratzinger observou que junto à Gaudium et spes devemos levar
sempre em consideração a obra "Imitação de Cristo", o livreto que reflete a tradição
monástica medieval. A espiritualidade "solidária com o mundo" deve, portanto, ser
acompanhada pela espiritualidade da "fuga do século".
"É preciso encontrar
um ponto de equilíbrio entre o justo empenho pelo mundo e a propensão rumo à vida
eterna – continua Pe. Kowalczyk. "Entre as tarefas mais urgentes para o cristão –
afirma Ratzinger – encontra-se a recuperação da capacidade de opor-se a muitas tendências
da cultura circunstante, renunciando a certa solidariedade eufórica pós-conciliar."
A Gaudium et spes, lida sem um pressuposto ideológico, parece muito equilibrada."
"Hoje,
a análise conciliar da condição do homem no mundo é ainda mais atual do que 45 anos
atrás. Os padres do Concílio afirmam: "o mundo se apresenta hoje potente e frágil,
capaz de realizar o melhor e o pior, (...) o homem toma consciência de que depende
dele orientar bem as forças por ele suscitadas, e que podem esmagá-lo ou servir-lhe"
(n. 9)."
"Bento XVI recentemente indicou a possibilidade do pior com uma frase
bastante dramática: "O nosso futuro e o destino do nosso planeta estão em perigo".
Tal diagnóstico não pode suscitar interrogações mais profundas do que essa no coração
humano. Para responder a análogas perguntas, o Concílio afirmou querer escrutar –
junto a todos os homens de boa vontade – os sinais dos tempos para reformular, no
mundo atual, a resposta que já foi dada em Jesus Cristo: "a chave, o centro e o fim
de toda a história humana (n. 10)" – conclui Pe. Kowalzyk. (RL)