CONGO: APELOS DE PAZ E JUSTIÇA NAS HOMILIAS DE NATAL
Kinshasa, 28 dez (RV) - "O nascimento de Jesus é acompanhado pela paz. O Senhor
nos deixou como herança o dom da paz. A humanidade reconciliada com Deus através do
Senhor deve se tornar uma comunidade de pessoas realmente em paz, que eliminem a guerra,
o conflito, a violência, o terrorismo e cancelem de seus corações o ódio que separa
os povos" – foi o que disse o Arcebispo de Kinshasa, na Republica Democrática do Congo,
Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, durante a homilia da missa de Natal celebrada na
Catedral de Nossa Senhora de Lingwala.
O purpurado recordou aos congoleses
que "uma paz duradoura não pode ser obtida sem justiça, verdade e amor" e expressou
seu pesar pela "cultura de guerra e violência dominante no país".
O Cardeal
Pasinya frisou que "toda medida é tomada e atuada para perpetuar a guerra" e advertiu
sobre o risco de banalizar a morte no Congo. Convidando governantes e cidadãos a um
despertar da nação, o purpurado ressaltou que o povo sabe o que está acontecendo no
país, que está sendo promovida uma cultura de mentira, injustiça, corrupção, ódio
e morte.
O Arcebispo de Dacar, no Senegal, Cardeal Théodore Adrien Sarr, também
fez um apelo pela paz e reconciliação em sua mensagem de natal e nas intenções de
oração.
Olhando o Senegal, o purpurado pediu ao Governo para criar condições
de uma paz definitiva em Casamance. Falando aos milicianos do movimento independentista,
pediu-lhes para ouvir o grito de desespero e medo das populações, dando prova de respeito
pela vida humana.
Desde 1982, o sul de Casamance é palco de um conflito armado
que envolve a local rebelião do Movimento das Forças Democráticas de Casamance (MFDC),
em luta pela independência, e os soldados do Governo enviados pelas autoridades de
Dacar. Não obstante o acordo de paz, alguns expoentes da milícia continuam perpetrando
ataques esporádicos contra civis e militares. O Cardeal Sarr fez um apelo pelo retorno
da paz na Costa do Marfim, que se encontra em plena crise pós-eleitoral.
A
África esteve presente na homilia de Bento XVI, que no dia de Natal recordou os países
africanos atingidos pela ausência de estabilidade, como o Congo, Somália, Costa do
Marfim, Madagascar e a região sudanesa de Darfur. O Papa pediu a solidariedade internacional
diante de um futuro cada vez mais incerto. (MJ)