Rio de Janeiro, 25 dez (RV) - O Natal celebra o grande mistério da encarnação
de Nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus, em nossa história! A salvação prometida
por Deus aos homens, em sua mensagem aos patriarcas e profetas, torna-se realidade
concreta com a vinda de Jesus Cristo. Deus cumpriu a sua promessa! A revelação
nos apresenta Jesus como “Emanuel, isto é, o Deus conosco”. O nosso companheiro de
jornada, de história. Assim, Jesus não é um ser do passado, não é uma saudosa memória
ou ideia do passado. É uma pessoa viva, concreta e atuante em nossa vida e em nossa
história. O nascimento histórico de Jesus em Belém é sinal do nosso misterioso nascimento
à vida divina. Pela encarnação de Jesus, o homem é divinizado. “Jesus, o Filho de
Deus, é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”. O Natal questiona o
nosso acolhimento, pois, “Não havia lugar para ele na hospedaria” (Lc. 2,7). Como
outrora, hoje também há muitas pessoas fechadas para realizar a experiência do encontro
com Jesus Cristo. O mistério da existência humana só se explica e se esclarece no
mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus, única fonte e verdadeira paz, alegria e felicidade.
Perguntamos: Há lugar para Ele na sua vida, na sua família, na sua casa, no seu ambiente
de trabalho? O Natal é a festa da solidariedade! Jesus se faz pobre, nascendo
na gruta em Belém, para solidarizar-se com os pobres e ser a esperança de libertação
dos sofredores deste mundo. Os primeiros a irem ao encontro de Jesus foram os pobres
e humildes Pastores O Natal é também a grande festa da solidariedade universal.
É comemorado em todo o mundo, até mesmo onde a população cristã é minoria. É uma data
que se reveste de uma certa ternura e magia, despertando nas pessoas sentimentos muitas
vezes adormecidos, como: alegria, amizade, confraternização, solidariedade, caridade,
gestos de bondade e reconciliação. Estes sentimentos são frutos maravilhosos do clima
de Natal, que marcam e enobrecem nossas vidas. A liturgia do Natal é muita rica,
e só nesse dia temos quatro celebrações eucarísticas: a Missa vespertina da Vigília
(dia 24), a Missa da noite (por volta da meia noite do dia 24, denominada “missa do
galo”), a Missa da aurora (alvorecer do dia de Natal) e a Missa “do dia” da festividade
(dia 25). Denominamos oitava de Natal o tempo litúrgico que vai do Natal até a
festa de Santa Maria, Mãe de Deus. É um desdobramento, por oito dias, da alegria do
Natal. Uma espécie de festa de aniversário prolongado. A outra solenidade é a Festa
da Epifania, conhecida como “dos reis magos” dentro do tempo de Natal, que se conclui
com a festa do Batismo do Senhor. Recordemos também alguns símbolos que nos recordam
o Natal: Presépio – popularizado por S. Francisco de Assis em 1223; Árvore de Natal
– representa nova árvore da vida, que é o Deus menino nascido em Belém; Troca de presentes
– que recorda o maior presente dado pelo Pai aos homens, que é o seu filho; Presentes
dos Magos – incenso, símbolo da divindade (Jesus é filho de Deus), ouro, símbolo da
realeza (Jesus é Rei dos Reis), mirra, sofrimento (Jesus é o eterno servo sofredor
de Javé); Estrela de Belém – é símbolo da visita salvadora de Jesus para toda a humanidade
(Jesus é para todos – universalidade da salvação). Celebrar o Natal é renovar
o encontro com a adorável pessoa de Jesus, o esplendor da luz de Deus, que veio
para iluminar os homens! Lembremos que uma vida renovada e reconciliada é a melhor
maneira de celebrar o Natal. Pensemos: quais são as nossas motivações natalinas?
É a celebração do encontro pessoal com Jesus Cristo na oração, na eucaristia, na meditação,
na reconciliação, no encontro com o próximo? O evangelista Lucas nos diz: “Não havia
lugar para ele na hospedaria” (Lc 2, 7). Há lugar para Ele na sua vida? Na sua família?
Na sua casa? No seu ambiente de trabalho? Acolhamos com alegria o divino salvador.
Natal é vida que nasce! Natal é convite para o homem trilhar o caminho da retidão,
do amor ao próximo e da compreensão com seus semelhantes. Vamos adorar o rei dos reis
neste Natal! Que o menino-Deus derrame ricamente suas graças e bênçãos sobre todas
as nossas famílias.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano
de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ