MENSAGEM "URBI ET ORBI" DE BENTO XVI: NATAL É MOTIVO DE ESPERANÇA PARA TODO HOMEM
Cidade do Vaticano, 25 dez (RV) - Ao meio-dia deste sábado Bento XVI assomou
ao Balcão central da Basílica Vaticana para a tradicional Mensagem natalina e a oração
"Urbi et Orbi" (à cidade de Roma e ao mundo).
Transmitida em mundo-visão, milhões
de fiéis do mundo inteiro somaram-se aos milhares de presentes na Praça São Pedro
para ouvir a mensagem do Santo Padre, que fez suas felicitações natalinas em 65 línguas.
O
nascimento de Jesus é motivo de esperança para todos os homens, sobretudo para aqueles
que veem ofendida a própria dignidade: foi o que afirmou o Pontífice em sua tradicional
Mensagem de Natal.
O Papa elevou um veemente apelo em favor da paz – violada
em muitas áreas do mundo – e dirigiu palavras de encorajamento aos cristãos perseguidos,
em particular na China. Em seguida, fez as felicitações natalinas em 65 línguas e
concedeu a Bênção "Urbi et Orbi". Apesar da chuva, muitos fiéis e peregrinos acorreram
com entusiasmo à Praça São Pedro para ouvir o Pontífice.
"O Verbo se fez carne".
Dirigindo-se ao mundo inteiro, Bento XVI anunciou com alegria a mensagem extraordinária
do Natal e expressou particular proximidade àqueles que sofrem por causa de guerras
e catástrofes naturais, e aos perseguidos por sua fé em Jesus Cristo.
Deus
– ressaltou – "veio habitar no meio de nós", "Deus não está distante". Não é um desconhecido,
mas "tem um rosto, o rosto de Jesus":
"Trata-se de uma mensagem sempre nova,
que não cessa de surpreender, porque ultrapassa a nossa esperança mais ousada. Sobretudo
porque não se trata apenas de um anúncio: é um acontecimento, um fato sucedido, que
testemunhas críveis viram, ouviram, tocaram na Pessoa de Jesus de Nazaré!"
Diante
da revelação de que o Verbo se fez carne – constatou o Pontífice – "ressurge uma vez
mais em nós a pergunta: Como é possível? O Verbo e a carne são realidades opostas
entre si; como pode a Palavra eterna e onipotente tornar-se um homem frágil e mortal?"
"Só
há uma resposta possível: o Amor. Quem ama quer partilhar com o amado, quer estar-lhe
unido, e a Sagrada Escritura apresenta-nos precisamente a grande história do amor
de Deus pelo seu povo, com o ponto culminante em Jesus Cristo."
Na realidade
– observou o Papa – Deus não muda, é fiel a Si mesmo: Deus não muda, Ele é Amor desde
sempre e para sempre. É em Si mesmo Comunhão, Unidade na Trindade e toda sua obra
e palavra busca a comunhão. E a encarnação, portanto, é o ápice da criação:
"«O
Verbo fez-Se carne». A luz desta verdade manifesta-se a quem a acolhe com fé, porque
é um mistério de amor. Somente aqueles que se abrem ao amor são envolvidos pela luz
do Natal. Assim sucedeu na noite de Belém, e assim é hoje também."
"A encarnação
do Filho de Deus – acrescentou – é um acontecimento que se deu na história, mas ao
mesmo tempo ultrapassa-a":
"Na noite do mundo, acende-se uma luz nova, que
se deixa ver pelos olhos simples da fé, pelo coração manso e humilde de quem espera
o Salvador. Se a verdade fosse apenas uma fórmula matemática, em certo sentido impor-se-ia
por si mesma. Mas, se a Verdade é Amor, requer a fé, o «sim» do nosso coração."
O
nosso coração – destacou Bento XVI – busca justamente uma Verdade que é Amor. "Procura-a
a criança, com as suas perguntas tão desarmantes e estimuladoras; procura-a o jovem,
necessitado de encontrar o sentido profundo da sua própria vida; procuram-na o homem
e a mulher na sua maturidade, para orientar e sustentar os compromissos na família
e no trabalho; procura-a a pessoa idosa, para levar a cumprimento a existência terrena."
O Reino de Deus – observou o Santo Padre – "não é deste mundo, e, todavia, é mais
importante do que todos os reinos deste mundo".
"É como o fermento da humanidade:
se faltasse, definhava a força que faz avançar o verdadeiro progresso, o impulso para
colaborar no bem comum, para o serviço desinteressado do próximo, para a luta pacífica
pela justiça."
"Acreditar em Deus que quis compartilhar a nossa história –
prosseguiu – é um constante encorajamento a comprometer-se com ela, inclusive no meio
das suas contradições". Natal é então motivo de esperança para todos aqueles cuja
dignidade é ofendida e violada, porque Aquele que nasceu em Belém veio libertar o
homem da raiz de toda escravidão:
"A luz do Natal resplandeça novamente naquela
Terra onde Jesus nasceu, e inspire Israelenses e Palestinos na busca duma convivência
justa e pacífica. O anúncio consolador da vinda do Emanuel mitigue o sofrimento e
console nas suas provações as queridas comunidades cristãs do Iraque e de todo o Oriente
Médio, dando-lhes conforto e esperança no futuro e animando os Responsáveis das nações
a uma efetiva solidariedade para com elas. O mesmo suceda também em favor daqueles
que, no Haiti, ainda sofrem com as consequências do terremoto devastador e com a recente
epidemia de cólera."
Bento XVI pediu também por aqueles que "na Colômbia e
na Venezuela, mas também na Guatemala e na Costa Rica, sofreram recentemente calamidades
naturais". Invocou a paz e o respeito pelos direitos humanos onde estes são violados:
"O
nascimento do Salvador abra perspectivas de paz duradoura e de progresso autêntico
para as populações da Somália, do Darfour e da Costa do Marfim; promova a estabilidade
política e social em Madagáscar; leve segurança e respeito dos direitos humanos ao
Afeganistão e Paquistão; encoraje o diálogo entre a Nicarágua e a Costa Rica; favoreça
a reconciliação na Península Coreana."
Em seguida, Bento XVI dirigiu seu pensamento
àqueles que são discriminados por seu testemunho evangélico. A celebração do nascimento
do Redentor – foram os votos do Papa – reforce o espírito de fé, de paciência e de
coragem nos fiéis da Igreja na China continental:
"Para que não desanimem com
as limitações à sua liberdade de religião e de consciência e, perseverando na fidelidade
a Cristo e à sua Igreja, mantenham viva a chama da esperança. O amor do «Deus-connosco»
dê perseverança a todas as comunidades cristãs que sofrem discriminação e perseguição,
e inspire os líderes políticos e religiosos a empenharem-se pelo respeito pleno da
liberdade religiosa de todos."
Após a mensagem tiveram, então, lugar as referidas
saudações de Natal em 65 línguas, começando do italiano e concluindo com o latim.
Eis a afetuosa felicitação de Bento XVI aos povos de língua portuguesa:
"Feliz
Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares
e Nações!"
Após a fórmula
da indulgência plenária, o Santo Padre concluiu a mesma concedendo a todos a sua Bênção.
(RL)