2010-12-25 16:39:12

BENTO XVI NA MISSA DO GALO: DEUS NOS AMA A FIM DE QUE TAMBÉM NÓS POSSAMOS AMAR


Cidade do Vaticano, 25 dez (RV) - Deus se fez frágil como uma criança para mostrar ao mundo a sua fortaleza e vem ao mundo para instituir ilhas de paz. Foi o premente pensamento expresso por Bento XVI na noite desta sexta-feira, na Missa do Galo celebrada na Basílica de São Pedro. Esteve no centro da homilia do Santo Padre também o chamado à verdadeira fraternidade criada por Deus, que nos ama a fim de que também nós possamos amar.

Durante a celebração rezou-se pelo ministério petrino, pelo respeito à dignidade de toda pessoa, desde a concepção até seu fim natural e por uma pacífica convivência entre os povos.

Eram quase 22h locais quando, na Basílica Vaticana, foi entoada a "Kalenda", o antiquíssimo hino que anuncia ao mundo o nascimento de Jesus. E o verdadeiro Natal começa daí, daquele Rei menino "nascido pela decisão pessoal de Deus" – disse o Papa – e que, portanto, "constitui uma esperança" porque o futuro se apóia n'Ele, "a promessa de paz":

"Este rei não precisa de conselheiros pertencentes aos sábios do mundo. Em Si mesmo traz a sapiência e o conselho de Deus. Precisamente na fragilidade de menino que é, Ele é o Deus forte e assim nos mostra, face aos pretensiosos poderes do mundo, a fortaleza própria de Deus."

É a humildade sublime de Deus que se inclina ao homem – continuou o Pontífice – porque na noite de Belém se cumpre a profecia num modo imensamente maior do quanto os homens pudessem intuir:

"Fica superada a distância infinita entre Deus e o homem. Deus não Se limitou a inclinar o olhar para baixo, como dizem os Salmos; Ele «desceu» verdadeiramente, entrou no mundo, tornou-Se um de nós para nos atrair a todos para Si. Este menino é verdadeiramente o Emanuel, o Deus-conosco. O seu reino estende-se verdadeiramente até aos confins da terra. Na imensidão universal da Sagrada Eucaristia, Ele verdadeiramente instituiu ilhas de paz."

Em toda geração – afirmou Bento XVI – Deus constrói o seu reino "a partir do coração" e acende nos homens "a luz da bondade", dando-lhes "a força de resistir à tirania do poder". Mas hoje persistem os algozes – ressaltou o Papa – os passos dos soldados ressoam e vemos ainda vestes manchadas de sangue. A esse ponto de sua reflexão, a homilia do Santo Padre tornou-se uma oração:

"Senhor, realizai totalmente a vossa promessa. Quebrai o bastão dos opressores. Queimai o calçado ruidoso. Fazei com que o tempo das vestes manchadas de sangue acabe. Realizai a promessa de «uma paz sem fim» (Is 9, 6). Nós Vos agradecemos pela vossa bondade, mas pedimos-Vos também: mostrai a vossa força. Instituí no mundo o domínio da vossa verdade, do vosso amor – o «reino da justiça, do amor e da paz»."

Recordando, em seguida, o antigo significado do termo "primogênito", ou seja, o "daquele que pertence a Deus de modo particular e é destinado ao sacrifício", o Pontífice ressaltou como, na Cruz, Jesus oferecera a humanidade a Deus, de modo que "Deus seja tudo em todos":

"Na Ressurreição, atravessou o muro da morte por todos nós. Abriu ao homem a dimensão da vida eterna na comunhão com Deus. Por fim, é-nos dito: Ele é o primogênito de muitos irmãos. Sim, agora Ele também é o primeiro duma série de irmãos, isto é, o primeiro que inaugura para nós a vida em comunhão com Deus. Cria a verdadeira fraternidade: não a fraternidade, deturpada pelo pecado, de Caim e Abel, de Rômulo e Remo, mas a fraternidade nova na qual somos a própria família de Deus."

E mais uma vez o Papa elevou uma oração:

"Senhor Jesus, (…) dai-nos a verdadeira fraternidade. Ajudai-nos a tornarmo-nos semelhantes a Vós. Ajudai-nos a reconhecer no outro que tem necessidade de mim, naqueles que sofrem ou estão abandonados, em todos os homens, o vosso rosto, e a viver, juntamente convosco, como irmãos e irmãs para nos tornarmos uma família, a vossa família."

"Quem vislumbra Deus sente alegria" – continuou o Papa –
porque Deus nos ama, nos espera e suplica a nossa resposta no nascimento de seu Filho:

"Deus precedeu-nos com o dom do seu Filho. E, sempre de novo e de forma inesperada, Deus nos precede. Não cessa de nos procurar, de nos levantar todas as vezes que o necessitamos. Não abandona a ovelha extraviada no deserto, onde se perdeu. Deus não se deixa confundir pelo nosso pecado. Sempre de novo recomeça conosco. Todavia espera que amemos juntamente com Ele. Ama-nos para que nos seja possível tornarmo-nos pessoas que amam juntamente com Ele e, assim, possa haver paz na terra."

Ao término da celebração, algumas crianças levaram a imagem de Jesus Menino ao Presépio montado dentro da Basílica Vaticana. E, diante do Presépio, o Papa recolheu-se em silenciosa oração. (RL)







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