Rio de Janeiro, 23 dez (RV) - Embora liturgicamente o Natal seja um tempo específico,
o que é comemorado, o Mistério da Encarnação deve ser sempre um fundamento em nossa
vida. Por isso, somos chamados a fazer com que ele se estenda durante todo o ano.
Esperamos que não seja apenas uma simples festa de confraternização entre colegas
de trabalho, amigos e familiares, mas uma festa no verdadeiro sentido que esta palavra
encerra: o dia do nascimento de Jesus Cristo, Senhor Nosso, Salvador e Redentor, o
Deus conosco.
Aproveitando do Natal, porém, o interesse econômico aumenta e
praticamente dobram-se os lucros, pois é uma das datas que mais impulsiona os negócios
no mundo inteiro. Por trás das comemorações, que deveriam levar ao encantamento da
manjedoura, há uma grande cadeia produtiva e comercial que movimenta praticamente
todos os setores da economia.
É uma época em que as pessoas gastam dinheiro,
decoram as suas casas, trocam-se presentes, e isso está se tornando, aparentemente
no coração das pessoas, mais e mais importante, relegando em segundo plano o grande
protagonista da festa. Em geral, as pessoas veem o Natal como uma festa familiar bonita
e interessante e se sentem estimulados a fazer dele uma festa do consumismo. A tradição
de enfeitar a casa, reunir a família para a ceia e a trocar presentes se mantém mesmo
em tempos de crise, e, em geral, os consumidores não abrem mão disso.
Mas em
meio a toda essa onda de consumismo desenfreado ainda há uma preocupação em se proporcionar
um Natal digno às pessoas mais carentes. Graças a esse "espírito" do Natal, elas podem
receber, ao menos nesta época do ano, a atenção merecida daqueles que durante o ano
ignoraram as suas existências.
Recorda-nos o Papa Bento XVI: “Como é então
importante que sejamos realmente crentes e como crentes reafirmemos com vigor, com
a nossa vida, o mistério de salvação que a celebração do Natal de Cristo traz consigo!
Em Belém manifestou-se ao mundo a Luz que ilumina a nossa vida; foi-nos revelada a
Vida que nos leva à plenitude da nossa humanidade. Se não reconhecermos que Deus se
fez homem, que sentido tem festejar o Natal? A celebração torna-se vazia. Antes de
tudo, nós, cristãos, devemos reafirmar com profunda e sentida convicção a verdade
do Natal de Cristo, para testemunhar diante de todos a consciência de um dom inaudito,
que é riqueza não só para nós, mas para todos. Disto brota o dever da evangelização,
que é precisamente a comunicação deste "eu-angelion", desta "boa nova"”. (Cf. Audiência
Geral de 19 de dezembro de 2007).
Agradecemos a Deus pela preparação piedosa
que fizemos para o Natal em nossa Arquidiocese, com a generosidade de nossos padres
em atendimento de confissões dos fiéis, com as manifestações da oração comunitária
em torno da Novena de Natal, as celebrações litúrgicas e também as muitas manifestações
públicas de espírito natalino (presépios, festival de canto coral, autos de natal
e cantatas), que nos colocou no clima desta época e ajudou-nos ainda mais para bem
celebrarmos o Natal do Redentor.
Que todos nós possamos fazer de nossas vidas
um perene Natal! Que em 2011 possamos ser melhores do que fomos em 2010. Que
Jesus, o Deus Menino, a quem celebrarmos, nasça e renasça em nossos corações todos
os dias de nossas vidas!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano
de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ