Crise marca mensagens de Natal dos bispos portugueses com apelos à solidariedade e
à mudança de modelos socioeconómicos
(22/12/2010) O contexto de crise socioeconómica e a perspectiva de um 2011 ainda
mais difícil marcam as mensagens de Natal que vários bispos portugueses têm vindo
a publicar, com apelos à solidariedade e à mudança de modelos económicos. O arcebispo
de Évora, D. José Alves, lembra os problemas criados “desemprego”, a “pobreza inesperada”
e o “rebaixamento social e moral”. “Cresce, dia a dia, o número dos que se vêem
obrigados a recorrer às instituições de solidariedade e a estender a mão à caridade
de pessoas singulares. Aumenta o número dos que vivem isolados, gastos pela idade
ou deteriorados pela doença”, alerta. O arcebispo de Évora, vogal da comissão episcopal
de Pastoral social, deixa aos católicos um apelo concreto: “De braços estendidos e
mãos abertas, partilhemos os bens materiais, os afectos e os dons espirituais com
que fomos enriquecidos pela bondade de Deus, que se manifestou neste mundo, para a
todos enriquecer com os seus bens”. Pedido semelhante chega do bispo de Santarém,
D. Manuel Pelino: "Sejamos uma presença amiga para quem sofre a solidão, prestemos
atenção a quem está esquecido, levemos o sorriso a quem anda triste, estendamos a
mão a quem jaz caído, procuremos curar as feridas de quem sofre, manifestemos a nossa
fé a quem vive sem esperança". Em Coimbra, D. Albino Cleto, pediu aos católicos
desta diocese que procurem respostas concretas para a “pobreza envergonhada”, em particular
junto das pessoas que passam estes dias sem dinheiro e sem companhia. “Que ninguém
fique, por falta de dinheiro, sem aviar uma receita na farmácia; que nenhum dos que
vivem sós passe a Noite de Natal sem comer um mimo, que o seu vizinho lhe trouxe”,
propõe. Também o bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, espera que “ninguém fique indiferente
à situação actual”, apelando a uma mudança “pessoal e social” face à crise. “Celebrando
o Natal, não podemos esquecer as causas de uma crise com tão graves consequências
nem os seus efeitos que fazem sofrer tantas e tantos, de todas as idades e de todas
as condições sociais”, assinala. O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, apelou aos
membros do clero e aos leigos da Diocese para que contribuam com “vinte por cento
do seu vencimento mensal” para a Cáritas diocesana ou para o fundo social solidário
criado pela Conferência Episcopal. Já o bispo das Forças Armadas e de Segurança
pede que as pessoas não se conformem enquanto subsistirem os casos de injustiça social,
pois “só a justiça poderá conferir a Paz”. Numa mensagem intitulada “Jesus Menino,
Sorriso de Deus para a Humanidade”, D. António Carrilho, bispo do Funchal apela a
“generosa atenção” aos que vivem “em situações de abandono e solidão”, lamentando
a “incerteza” provocada pela crise. D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro,
considera que cabe à Igreja levar à sociedade “a certeza que a esperança pode habitar
no coração de todos” e que as dificuldades se podem transformar em oportunidades. No
dia 7 de Dezembro, os bispos católicos de Portugal publicaram uma mensagem colectiva
de Natal na qual apelam à mobilização da Igreja e à concertação perante as “circunstâncias
dramáticas para muitas pessoas e famílias” do país. “A gravidade extrema da crise
actual e a nossa corresponsabilidade perante ela tornam imperioso o empenhamento sério
de todos, nomeadamente pelo diálogo social, pela negociação colectiva e pela concertação”,
referem