COSTA DO MARFIM: IGREJA PREOCUPADA COM A VIOLÊNCIA
Cidade do Vaticano, 22 dez (RV) - A Igreja na Costa do Marfim – refere o jornal
vaticano L'Osservatore Romano - está seriamente preocupada com a situação caótica
que vive o país por causa dos controversos resultados das eleições. Depois dos confrontos,
que já causaram dezenas de mortes, a tensão permanece alta. O Arcebispo de Abidjan
e porta-voz do “Coletivo de líderes religiosos para as eleições pacíficas”, Dom Jean-Pierre
Kutwa, fez um novo apelo para que o atual Presidente Laurent Gbagbo, e o presidente-eleito,
Alassane Ouattara, “sejam razoáveis” e convidou a população à calma.
“Deus
– recordou o arcebispo aos fiéis - não abandonará a Costa do Marfim e é ainda possível
encontrar uma solução pacífica e democrática”. Desde 2005 os habitantes da Costa do
Marfim esperam poder eleger o seu presidente. Atualmente, a Costa do Marfim tem dois
presidentes e dois governos diferentes.
Alassane Ouattara, que segundo a Comissão
Eleitoral Independente e a comunidade internacional, venceu o segundo turno presidencial
de 28 de novembro último, no dia 4 de dezembro foi empossado como presidente, através
de uma carta enviada ao Conselho Constitucional, o órgão competente para declarar
o vencedor.
Precisamente o Conselho tinha revogado a vitória por presumíveis
fraudes, num primeiro momento dada a Ouattara pela Comissão Eleitoral Independente,
atribuindo-a, ao invés, ao atual presidente Laurent Gbagbo.
Este último prestou
juramento algumas horas depois no palácio presidencial de Abidjan. As Nações Unidas,
a União Europeia e os Estados Unidos reconheceram a vitória de Ouattara e pediram
a Gbagbo para aceitar o resultado proclamado pela comissão eleitoral.
Nos
últimos dias o Coletivo de líderes religiosos para as eleições pacíficas tinha exortado
o povo e os políticos a fazer um esforço “em nome de Deus, em nome da Costa do Marfim
e em nome das gerações futuras, para respeitar o resultado das urnas”.
Na sua
mensagem, os líderes religiosos deploraram que se tenha passado “da violência verbal
à violência física, e que o pior parece ainda está por vir”. Por este motivo, a mensagem
convida os jovens a não perpetraem atos de violência e abandonar esse terreno que
poderá criar um círculo vicioso”.
O Arcebispo de Abidjan recordou que “a eleição
presidencial não é e nunca será a consagração de uma religião, de uma etnia, de uma
região. O que desejamos é ter um presidente acima dos clãs, das tribos, das religiões,
um presidente capaz de liderar nosso país e aqueles que nele habitam, em direção ao
pleno desenvolvimento.
“Entretanto, a União Africana enviou o ex-presidente
Sul-Africano, Thami Mbeki para mediar entre as duas partes. Mbeki continua a sua mediação,
embora a situação seja muito delicada, ou melhror, continua tensa após o cancelamento
do toque de recolher e da reabertura das fronteiras. (SP)