PAPA: O AUTÊNTICO PROGRESSO NÃO PODE SER ALCANÇADO MARGINALIZANDO O FATOR RELIGIOSO"
Cidade do Vaticano 18 dez (RV) - O Papa Bento XVI recebeu ontem no Vaticano,
o novo Embaixador da Itália junto da Santa Sé, Francesco Maria Greco, que apresentou
as suas Cartas Credenciais. O Santo Padre recordou no seu discurso que “o autêntico
progresso social não pode ser alcançado marginalizando ou recusando o fator religioso”.
Afirmando
que acompanha “de perto, com a oração, as vicissitudes felizes ou tristes” do país,
o Papa recordou as celebrações, em andamento, dos 150 anos da unidade de Itália, “ocasião
– disse o Santo Padre - para uma reflexão não só de tipo comemorativo, mas também
em perspectiva de futuro, reflexão oportuna na atual difícil fase histórica, nacional
e internacional”.
Bento XVI fez notar que neste “caminho longo, árduo e cheio
de contrastes, que conduziu à atual fisionomia do Estado italiano”, sobressai a busca
de “uma correta distinção” entre a comunidade civil e religiosa, assim como das “justas
formas de colaboração” entre si. Exigência sentida por maior razão num país “cuja
história e cultura estão profundamente marcadas pela Igreja católica e em cuja capital
tem a sua sede episcopal o Chefe visível de tal Comunidade, difundida em todo o mundo”.
“Não se pode negar, esquecer ou marginalizar essas características, que há séculos
fazem parte do patrimônio historico e cultural da Itália.
A experiência destes
150 anos ensina que o quanto se procurou fazer, causaram perigosos desequilíbrios
e dolorosas fraturas na vida social do país. Daqui a importância, recordada pelo Papa,
do Pacto de Latrão (1929) e de um mais recente Acordo com algumas atualizações.
“Estes
pactos internacionais não exprimem uma vontade da Igreja ou da Santa Sé de obter poder,
privilégios ou posições de vantagem econômica e social, nem se pretende com isso sair
do âmbito que é próprio da missão estabelecida pelo Divino Fundador à sua comunidade
na terra. Pelo contrário, tais acordos têm o seu fundamento na justa vontade da parte
do Estado de garantir aos indivíduos e à Igreja o pleno exercício da liberdade religiosa”.
Para
além de ser um direito individual – precisou Bento XVI – a liberdade religiosa é também
um direito da família, dos grupos religiosos e da Igreja, e “o Estado é chamado a
tutelar não só os direitos à liberdade de consciência e de religião, daqueles que
crêem, mas também o legítimo papel da religião e das comunidades religiosas na esfera
pública”.
“Não se pode pensar conseguir o autêntico progresso social, - destacou
ainda o Papa - percorrendo o caminho da marginalização ou até mesmo da recusa explícita
do fator religioso, como se pretende fazer atualmente de vários modos, entre as quais,
por exemplo, a tentativa de eliminar dos lugares públicos a presença visível dos símbolos
religiosos, começando pelo crucifixo, que é sem dúvida o emblema por excelência da
fé cristã, mas que, ao mesmo tempo, fala a todos os homens de boa vontade e, como
tal, não é um fator de discriminação”.
A propósito deste exemplo concreto,
Bento XVI exprimiu ao governo italiano o seu apreço pela posição assumida, “em conformidade
com uma correta visão da laicidade e à luz da sua história, cultura e tradição”. O
Papa elogiou ainda a sociedade italiana e as autoridades de Roma, pela “sensibilidade”
que vêm demonstrando em relação à “sorte daquelas minorias cristãs que, em razão da
sua fé, são vítimas de violências, são discriminadas ou obrigadas à emigração forçada
da sua pátria. (SP)