Cidade do Vaticano, 18 dez (RV) - “No início de um Ano Novo, desejo fazer chegar
a todos e a cada um os meus votos: votos de serenidade e prosperidade, mas sobretudo,
votos de paz. Infelizmente também o ano que encerra as portas esteve marcado pela
perseguição, pela discriminação, por terríveis atos de violência e de intolerância
religiosa. Penso, em particular, na amada terra do Iraque, que, no seu caminho
para a desejada estabilidade e reconciliação, continua a ser cenário de violências
e atentados”. Assim começa a Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2011,
dedicada ao tema da liberdade religiosa, e apresentada na última quinta-feira, dia
16 de dezembro, no Vaticano. O 44ª Dia Mundial da Paz, será celebrado no próximo dia
1º de Janeiro. A Mensagem do Papa foi lançada em um contexto de episódios recorrentes
de negação do direito universal à liberdade religiosa, situações que obscurecem a
verdade da pessoa humana, desprezam a dignidade das pessoas, comprometem o respeito
pelos outros e ameaçam, definitivamente, a paz do mundo, destacou o Cardeal Turkson
na apresentação do texto. Há muitas áreas do mundo em que persistem formas de limitação
à liberdade religiosa, seja onde as comunidades de fiéis são uma minoria, seja onde
essas comunidades não o são. Nesse sentido, devemos chamar a atenção para formas mais
sofisticadas de discriminação e marginalização, seja no plano cultural seja na participação
da vida pública e política. No mundo se registram diversas formas de limitação
ou negação da liberdade religiosa, de discriminação e marginalização baseadas na religião.
Estes fenômenos levam à “perseguição e à violência contra as minorias religiosas”.
O tema da perseguição religiosa já fora evidenciado por Bento XVI no seu discurso
à Assembleia-geral das Nações Unidas, em abril de 2008, quando o Papa afirmou que
“os direitos humanos devem incluir o direito de liberdade religiosa, compreendido
como expressão de uma dimensão que é ao mesmo tempo individual e comunitária, uma
visão que manifesta a unidade da pessoa, mesmo distinguindo claramente entre a dimensão
de cidadão e a de fiel”. É inconcebível que aquele que crê tenha de suprimir uma
parte de si mesmo - a sua fé - para ser um cidadão ativo. Jamais deveria ser necessário
renegar Deus para poder gozar dos próprios direitos. O ser humano não pode ser fragmentado,
por causa daquilo em que acredita, porque aquilo tem impacto sobre a sua vida e a
sua pessoa. Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2011, o Papa chama a atenção
para a situação dos cristãos em algumas partes do mundo, bem como para as “hostilidades
encobertas” nas sociedades ocidentais. E volta a reafirmar que: “a violência não se
vence com a violência”. “O nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, pela
esperança e pelo testemunho do amor de Deus”. O grito daqueles que são perseguidos
por causa de sua fé ressoa nas palavras do Santo Padre, e fazemos votos de que essa
dor em forma de grito seja ouvida e entendida por todos os homens de boa vontade.
(SP)