CHILE: O DRAMA DAS PENITENCIÁRIAS

Santiago, 11 dez (RV) - O Presidente da Conferência Episcopal Chilena (CECH), Dom Ricardo Ezzati, disse que o incêndio na prisão de San Miguel, que deixou 81 mortos, é uma “dolorosa tragédia para o país” e pediu ao Governo que inclua com urgência o problema sobre as penitenciárias “na agenda de decisões as serem tomadas”.

O Prelado fez um comunicado logo após o incêndio ocorrido no cárcere de San Miguel, em Santiago do Chile, e que teve início no meio de uma briga entre internos e que deixou 81 mortos e 14 feridos graves. O recinto tem capacidade para 900 reclusos, mas abriga 1900.

“Nós, os bispos, dissemos com clareza quando apresentamos, em julho deste ano, nossa proposta de indulto, por ocasião do Bicentenário. Pedíamos um esforço conjunto de todos os setores, para ter um sistema penal e carcerário mais humano”, recordou Dom Ezzati ao denunciar o problema da superpopulação nos cárceres.

O Prelado pediu que este problema entre com urgência na agenda de decisões das autoridades, porque além da superpopulação, as penitenciárias são com freqüência habitats violentos e desumanizadores que não permitem a reabilitação dos reclusos.

O Presidente da Conferência Episcopal Chilena disse que o país “deve saber com clareza as causas desta tragédia e também as condições de indignidade na que vivem muitos reclusos”.

O bispo indicou que a Igreja alenta o Ministério de Justiça a concretizar os anúncios feitos há um mês para “melhorar notavelmente o estado de vida dos encarcerados. Ainda não é tarde para recolher o propósito fundamental de nossa proposta”.

Por sua vez, o Arcebispo de Santiago, Cardeal Francisco Javier Errázuriz, disse que o ocorrido na penitenciária de San Miguel “foi um golpe inesperado”. Ele recordou que a Igreja pede há muito tempo “atenção à convivência nos cárceres”. “Com aglomeração é impossível a reabilitação, necessitamos de um lugar de reabilitação, onde possam crescer em sua dignidade humana”, afirmou. (SP)