Juiz de Fora, 09 nov (RV) - Nossa Senhora Imaculada é o dogma que a Igreja
definiu em 1854, pelo Papa Pio IX, em que Maria Santíssima não conheceu o pecado original.
Falar
da Imaculada Conceição de Nossa Senhora é fazer referência a um privilégio que ela
recebeu: foi preservada do pecado original desde o primeiro momento de sua existência.
A razão dessa graça excepcional reside na vocação que recebeu - a mais sublime das
vocações: ser Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Seu privilégio não se explica,
pois, em seus próprios méritos, mas nos merecimentos que Jesus Cristo adquiriria para
a humanidade.
O livro de Gn 3, 15 ensina que: “Porei inimizade entre ti e a
mulher, entre tu, da graça de Deus”. Estando totalmente possuída por Deus, não havia
em si espaço para o pecado.
Não há na Bíblia uma afirmação explícita que Maria
tenha sido concebida sem pecado original. Trata-se de uma verdade que foi ganhando
corpo na vida da Igreja, ao longo de sua história.
Notemos bem as seguintes
verdades: - também Maria necessitava da redenção; - ela não tinha poder de se auto
redimir; não tinha, por ela mesma ou por seus pais, qualquer merecimento próprio;
- não foi privilegiada porque era virtuosa; era virtuosa porque foi privilegiada por
Deus, em vista de sua missão singular; - em Maria, tudo é graça, e a fonte dessa graça
é Deus; - foi livre do pecado no início de sua existência; livre do pecado ao longo
de toda a sua vida; - a Igreja afirma, de maneira absoluta e permanente, ela, ao longo
de toda a sua vida, continuou livre de todo pecado pessoal e até da própria inclinação
ao pecado.
Quando fazemos referência ao pecado original, devemos lembrar a
desordem que ele causou no ser humano e na natureza: a) inclinação à autoafirmação
e à autossuficiência diante de Deus, quando o normal seria um relacionamento de filho
para Pai; b) homens e mulheres passam a não se reconhecer como criaturas de Deus e,
por isso mesmo, esquecem sua origem e seu fim; rompem a Aliança; sofrem desequilíbrios;
não se entendem com seu semelhante, daí multiplicarem-se manifestações de ódio e violência,
de injustiças e guerras; homens e mulheres não compreendem a natureza e a destroem.
Em
Maria, nada disso aconteceu. Nela, em vez de desordem e confusão, há ordem. Não experimentou
a inclinação ao pecado, que nasce do pecado e conduz ao pecado. É uma nova criatura.
Isenta do pecado, tem melhores condições de ver a gravidade do pecado e as escravidões
que este gera em seu caminho.
Maria é totalmente de Deus. É um modelo a imitar.
É fonte de santidade para a Igreja: também nós, à medida que conseguimos crescer na
santidade, santificamos a Igreja. A missão de Maria a une a nós: precisamos de Cristo
para a salvação; Maria é que nos deu Cristo, o Salvador. Em Maria e em nós atua a
mesma graça: se Deus nela realizou o seu projeto, também o realizará em nós, desde
que colaboremos com sua graça, como ela o fez. Maria é a criatura humana em seu melhor
estado.
+ Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)