AINDA INCERTA A SITUAÇÃO DOS REFÉNS ERITREUS NO SINAI
Cidade do Vaticano, 06 dez (RV) – No Ângelus deste domingo, Bento XVI recordou
a situação perigosa em que se encontram os 70 refugiados eritreus feitos reféns por
organizações criminosas (de tráfico humano) no Sinai, fronteira entre Israel e Egito.
A sorte dessas pessoas permanece incerta.
Desde que medidas mais severas foram
adotadas na Europa para restringir as imigrações clandestinas, as rotas de quem parte
da África para o ocidente mudaram. A esse respeito, a Rádio Vaticano entrevistou o
professor Cristopher Hein, diretor do Centro Italiano para Refugiados. Segundo ele,
as medidas mais restritas dificultam o trajeto que percorrem os imigrantes. Explicando
essa situação, ele disse que, no ano passado, por exemplo, alguns deles, provenientes
da África, atravessaram o Estreito de Gibraltar, que depois passou a ser muito controlado
pela Espanha.
O movimento imigratório deslocou-se para o enclave espanhol em
território marroquino, porém, sempre parte da União Européia, de forma que se formou
um "muro" de proteção nessa área e os imigrantes passaram a usar as Ilhas Canárias
como rota. Mas a Espanha interveio na Mauritânia e no Senegal, fechando também essas
passagens.
Isso deixou quem não tinha a opção de voltar para casa, como os
eritreus, sem escolha. Eles são refugiados e não tornam às suas terras porque temem
pelas suas vidas.
O Professor afirmou ainda que essa é uma daquelas situações
em que quanto mais se "fecha o cerco" nas fronteiras, mais aumenta o mercado das organizações
criminosas que oferecem alternativas.
Cristopher sugere como solução a abertura
de um canal legal para a chegada dessas pessoas, sem que suas vidas corram riscos
e sem que se permita a ação dessas organizações criminosas.
Indagado sobre
o que poderia acontecer a esses refugiados mantidos reféns caso venham a ser libertados,
o professor disse que, no Egito, correm o risco de serem presos em um centro de detenção,
mas, em tal caso, poderia tentar-se outra solução através das Nações Unidas. (ED)