PAPA EXORTA CRISTÃOS A ASSISTIREM QUEM SE ENCONTRA SOZINHO, DOENTE E QUEM É ANCIÃO
Cidade do Vaticano, 04 dez (RV) - "Para que a experiência do sofrimento seja
ocasião para compreender as situações de dificuldade e de dor em que vivem as pessoas
sozinhas, os doentes e os anciãos, e estimule todos a irem ao encontro delas com generosidade":
assim se expressa Bento XVI na intenção geral de oração para este mês de dezembro.
A
questão do sofrimento foi reiteradas vezes abordada pelo Santo Padre, tema ao qual
dedicou páginas iluminadoras de sua encíclica "Spe salvi" (Salvos pela esperança).
A esse propósito, repropomos as palavras do Papa durante um encontro com o clero de
Bressanone – nordeste da Itália – em agosto de 2008, em resposta a um jovem sacerdote,
acometido por esclerose múltipla.
Carregar a Cruz com coragem e humildade,
mostrar que o sofrimento pode ser uma extraordinária experiência de amor. Diante do
comovente testemunho de um sacerdote gravemente doente, Bento XVI indicou o exemplo
de seu amado predecessor, João Paulo II, que seguiu o Senhor carregando a Cruz:
"Esta
humildade, esta paciência com a qual aceitou quase a destruição de seu corpo, a crescente
incapacidade de usar a palavra – ele que tinha sido mestre da palavra. E assim – parece-me
– mostrou-nos visivelmente esta verdade profunda que o Senhor nos redimiu com a sua
Cruz, com a Paixão como ato extremo de seu amor."
Karol Wojtyla – observou
Bento XVI na referida ocasião – "mostrou que o sofrimento não é apenas um "não", apenas
algo de negativo, a falta de alguma coisa, mas é uma realidade positiva":
"Que
o sofrimento aceito no amor por Cristo, no amor por Deus e por amor aos outros é uma
força redentora, uma força do amor, e não menos potente que os grandes atos feitos
na primeira parte de seu Pontificado. Ensinou-nos um novo amor pelos que sofrem e
fez entender o que significa "na Cruz e pela Cruz somos salvos"."
Deus é amor
– reiterou Bento XVI – e "no identificar-se com o nosso sofrimento de seres humanos
nos toma em suas mãos e nos imerge em seu amor":
"Por isso parece-me que todos
nós – e sempre novamente num mundo que vive de ativismo, de juventude, do ser jovem,
forte, bonito, do conseguir fazer grandes coisas – devemos aprender a verdade do amor
que se faz paixão e, justamente assim, redime o homem e o une a Deus amor. Portanto,
gostaria de agradecer a todos aqueles que aceitam o sofrimento, que sofrem com o Senhor,
e gostaria também de encorajar todos nós a termos um coração aberto para os sofredores,
para os anciãos, e entender que, justamente, a paixão deles é uma fonte de renovação
para a humanidade e cria em nós amor e nos une ao Senhor."
O Papa também reconheceu
que, afinal, "é sempre difícil sofrer". Por isso – foi a sua exortação – é preciso
assistir o quanto possível aqueles que sofrem, com "o respeito pelo valor da vida
humana, justamente pela vida sofredora, até o fim". O sofrimento – afirmou – "a paixão
é presença do amor de Cristo, é desafio para nós a unir-nos a essa sua paixão":
"Devemos
amar os sofredores não apenas com as palavras, mas com toda a nossa ação e o nosso
compromisso. Parece-me que somente assim somos realmente cristãos. Escrevi em minha
encíclica "Spe salvi" que a capacidade de aceitar o sofrimento e os sofredores é medida
da humanidade que se tem." (RL)